Quando comecei a minha carreira junto da Selecção Nacional, fui ouvindo com frequência a seguinte frase: "Se fulano/jornalista diz que é teu amigo, das duas uma, ou é teu amigo a sério ou é mau jornalista. Se for bom jornalista não é teu amigo, porque um dia vai de certeza estar contra ti e aí vai optar".
Com o decorrer dos anos constatei que esta frase aproximava-se muito da realidade, pelo que as desilusões não foram tão sentidas. No entanto e curiosamente, fui fazendo amizade com vários jornalistas que considero bons profissionais, sem que alguma vez tivessem tido alguma atitude menos digna. Por vezes foram críticos, mas tiveram sempre a correcção de o justificar, e na maioria dos casos, reconheço, tinham razão no que escreviam. Desses que considero amigos, entre outros, vou falar dos Freitas, que embora possuam o mesmo apelido, não têm laços familiares.
A José Carlos Freitas, conheço-o há imenso tempo sem me lembrar desde quando, mas foi a sua passagem como assessor de imprensa da FPF que nos aproximou. Entrou em 1998, no início da campanha de qualificação para o Euro 2000. Fizemos tantos jogos, viagens e reuniões juntos que as histórias vividas dariam para um livro. E que histórias! Sabemos bem as razões e os detalhes dos problemas entre Scolari e o FC Porto, os episódios marcantes do Mundial 2002, na Coreia, entre tantos, tantos outros momentos inolvidáveis e outros menos bons. Que histórias e "estórias"! Saiu magoado e triste da FPF quando tentaram fazer dele empregado de escritório. Sem desprimor para todos os outros, foi o melhor assessor de imprensa da FPF, aliando ao seu profundo conhecimento do futebol e da selecção nacional, uma atitude e forma de estar muito tranquila, isenta e competente que o tornava muito respeitado pelos seus colegas.
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José Manuel de Freitas esteve em todos os grandes momentos da selecção nacional destas duas décadas e faz parte integrante, também ele, dos sucessos alcançados, que alguns hoje, com mesquinhez, tentam desvalorizar. Conheço-o, acho, desde sempre. Recordo as tardes, antes dos treinos, na tenda de imprensa de Alcochete em 2004, esperando o reforço alimentar da tarde, e as relações fantásticas que manteve com toda a delegação da selecção nacional em todas as grandes competições, antes e depois dos jogos, nos aviões e nos treinos. Foi, é, e será sempre um grande apoiante da selecção nacional. Espero que volte rápido para junto da sua "selecção".
Muitas histórias haveria para contar envolvendo estes e outros jornalistas e a sua relação com a selecção nacional, mas o que importa salientar, neste caso, é que é possível ser jornalista e manter uma relação de amizade com alguém que pertence a uma estrutura sobre a qual se escreve e opina. Um dia voltarei ao tema.
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