quinta-feira, abril 30, 2009

El Pibe, o Escritor e a Gamorra


Futebol na Itália é um mundo a ser contado
por Wagner Patti, blogueiro do ESPN.com.br


Em entrevista ao site francês ‘Rue89’, Roberto Saviano, autor do best-seller ‘Gomorra’, sobre a máfia de Nápoles, revela toda a paixão pelo futebol. O escritor, que vive sob proteção do governo 24 horas por dia, jurado de morte pela Camorra, é torcedor fanático do Napoli. Napolitano, ele diz que o maior privilégio ‘calcistico’ de sua vida foi poder ver Diego Maradona vestindo a camisa do clube do coração. Saviano relembra também que estava na histórica partida entre Itália e Argentina, em Nápoles, pela Copa de 90, em que a torcida napolitana vaiou a ‘Squadra Azzurra’ para apoiar ‘El Pibe’ - “Acredito que nunca aconteceu nada parecido na história do futebol”. Para o escritor há um futebol de esquerda e outro de direita. O zagueiro Maldini jogaria um futebol direitista, enquanto Lionel Messi, esquerdista. Sobre a possibilidade de escrever um livro tendo como tema o futebol, Saviano responde que “o Calcio é um mundo ainda a ser contado”. “Tudo vira negócio. E quando se fala de Nápoles, se fala de negócios e máfia”, completa. Saviano já está ameaçado de morte por mexer no vespeiro do crime organizado italiano. Imagine então, entrar de cabeça no submundo do futebol. Vai ter muita gente torcendo para que a Camorra cumpra a promessa.

Jogos do Centenário da República


II Espanha/Portugal




Em 2010 comemoram-se 100 anos da implantação da República. O futebol terá como Embaixador Luis Figo e como figura Cândido Oliveira. Nada mais justo. A terminar um Portugal/Espanha. Programa em cheio.

quarta-feira, abril 29, 2009

Futebol Feminino (2)

Como complemento do outro post de hoje. Ver hiperligação no título.

Frase do Dia

Foto: Wikipédia


"Técnico bom é aquele que não atrapalha."

(Romário)

Futebol Feminino

Foto: www.fpf.pt


Terminou ontem o Torneio da UEFA, de Sub/19, de qualificação para a fase final do Euro. Portugal venceu o último jogo contra o País de Gales, mas mais uma vez não conseguiu a tão desejada entrada numa fase final. Estas participações têm porém o mérito de reflectir a fragilidade do nosso futebol feminino e é bem importante que tenhamos isso em conta. Não possuímos qualquer competição nos escalões de formação e socorremo-nos com frequência do futsal feminino para constituir a selecção. Apesar do esforço e dedicação das pessoas que lideram o futebol feminino em regime de maior proximidade, os técnicos Profs. Mónica Jorge, Carlos Sacadura e Susana Cova bem como de Arnaldo Cunha e de alguns técnicos distritais, estou convicto que a metodologia de desenvolvimento não pode assentar nos mesmos princípios utilizados pelo futebol masculino há décadas atrás. Além de todos os problemas inerentes ao pequeno número de clubes e atletas, acresce o facto, importante, da falta de compreensão, entendimento e vontade dos órgãos do futebol em apoiarem decididamente esta modalidade. Sem isso, muito dificilmente avançaremos. Sem um projecto integrado assente num novo modelo de desenvolvimento, com a participação da FPF, Associações, Clubes, Autarquias e Escolas, muito dificilmente abandonaremos esta posição periclitante em que nos encontramos. Acho que valeria a pena o esforço. Talvez o primeiro passo, além de algumas medidas urgentes de apoio aos clubes, fosse marcar uma reunião aberta a quem se interesse pelo assunto, para se discutir profundamente os problemas e analisar a realidade actual. Ouvir quem vive o dia-a-dia no terreno talvez fosse um bom ponto de partida. Melhor que ninguém, essas pessoas saberão apontar caminhos. De outra forma, se não houver grande unidade e aproveitamento dos poucos recursos existentes, o insucesso não nos abandonará.

terça-feira, abril 28, 2009

Formação (2)


Campeões da Europa Sub/16 - 1995

Barreirense e outros tantos


Hoje vou escrever sobre o Barreirense, o meu clube. clube de família, de prática desportiva, dos amigos, do futebol e do basquetebol, de uma cidade de gente trabalhadora e lutadora, que está neste momento em sério risco de descer aos distritais de futebol e seguindo o caminho de tantos outros - CUF (actual Fabril), Montijo, Seixal, Atlético, Oriental, etc., etc. - acabar por desaparecer definitivamente dos grandes palcos, aliás como me parece que irá acontecer em breve a alguns outros emblemas de nomeada. Como é possível? Perante o que se passa no nosso País, na área do associativismo, ajudamos, pela nossa passividade, a destruir um património desportivo e cultural de tal maneira rico que não tem preço. Será mesmo obrigatório que isto aconteça ou será também culpa da "crise". Acho que não. Parece-me mais fruto da crise de valores que é hoje base da nossa realidade. Mais que o associativismo damos valor ao isolacionismo. Antes do nós, eu.

O Barreirense, no futebol, é um dos clubes a nível nacional com mais presenças no Campeonato da I Divisão, possuindo vários títulos nacionais secundários e tendo até participado nas competições europeias. Ao longo da sua história cedeu imensos jogadores às selecções nacionais e possui uma tradição que em breve não passará de uma memória distante, da qual só os sócios mais velhos recordarão e que não terá correspondência com a actualidade. Será que as pessoas do Barreiro não encontram solução para evitar esta lenta agonia. O clube que foi de Raul Jorge, José Augusto, Adolfo, Bento, Chalana, Neno, Frederico, Carlos Manuel, entre tantos outros internacionais, está em queda livre. Não haverá na cidade quem o consiga evitar? Onde estão os herdeiros de Francisco Nunes Vasconcelos, José Júlio Macedo, António Maria da Costa, António Balseiro Fragata, Ezequiel Patrício, Albino Macedo e de outros barreirenses de grande valor? Daqui, da margem norte do rio, lanço um apelo: Unam-se e organizem-se como o fizeram tantas vezes no passado. A política não deve, nem pode, dividir os barreirenses.

segunda-feira, abril 27, 2009

Jurgen Klinsmann


A primeira vez que tive contacto pessoal com Klinsmann, foi em 1997, em Berlim, no Estádio Olímpico. Portugal tinha acabado de empatar com a Alemanha e hipotecado a possibilidade de estar presente no Mundial de 1998. Rui Costa tinha sido expulso por Marc Batta no momento da substituição, tendo Portugal ficado com 10 elementos em campo e dando o árbitro à Alemanha, a oportunidade que esta esperava para alcançar o empate. Em tantos anos de futebol e de selecção nacional, foi a maior barbaridade a que assisti no que diz respeito à actuação de um árbitro. Verdadeiramente vergonhoso.

Na cabine da equipa o ambiente era de cortar à faca. No lado de fora a revolta era enorme. Blatter, que assistiu ao jogo, desceu aos balneários e a vontade que tivemos de criar confusão foi grande. Felizmente contivemo-nos! Largos minutos depois, Klinsmann dirigiu-se a mim pedindo-me para cumprimentar a nossa equipa. Abri-lhe a porta e ouvi-o felicitar os jogadores pela exibição efectuada e simultaneamente pedir desculpa pelos acontecimentos. Não precisava de o fazer, nem estava obrigado a tal, mas mostrou assim o seu carácter. Encontrei-o várias vezes em reuniões de preparação do Mundial 06 e nessas ocasiões teve sempre palavras elogiosas para Portugal, para a nossa equipa e para os nossos jogadores.

A propósito, Marc Batta, foi o Comissário UEFA responsável pela arbitragem, no recente jogo Portugal/Alemanha, no Euro 08..., o tal do empurrão do Ballack, ao Paulo Ferreira, no 3º golo!



Ainda Pepe (3)


A propósito do caso Pepe, o comentador de futebol da SIC, dos domingos à noite, voltou a atacar a FPF, o seu Presidente, o Seleccionador Nacional e tudo o que mexe e que tenha a ver com a Selecção Nacional. Como é habitual nas suas palavras tudo neste país é mau. Os treinadores, os dirigentes, os jogadores, tudo e todos, excepto ele próprio. O homem dos princípios falou, falou, falou, mas nada disse acerca do que deveria a FPF fazer a Pepe. Afastá-lo, castigá-lo? Às propostas, como sempre, disse nada. Fácil é criticar e falar sem ter que prestar contas. Fácil é levantar suspeitas como é seu hábito. Difícil é dizer por que caminho se deve seguir. Concordo que se deve opinar sobre o assunto e criticar quem errou. Concordo que nos devemos bater por princípios rigorosos no que diz respeito a comportamentos. Mas se optarmos por esse caminho, castigar atletas que erram ao serviço dos seus clubes, não há retorno possível. O que se teria dito se Vitor Baía tivesse sido afastado da Selecção Nacional, após se ter envolvido com Pedro Morcela, dirigente do Campomaiorense? Ou a Fernando Couto após o célebre caso da nandrolona em Itália? Ou a Luis Figo quando lesionou gravemente um atleta espanhol num jogo do campeonato que levou ao final da carreira desse jogador? Ou a Deco quando lesionou gravemente Figo num jogo da Champions? E as disputas pouco académicas, com agressões e expulsões, entre Paulinho Santos e João V. Pinto? Porventura tería de se criar mais um órgão na FPF para analisar situações destas. Devemos e temos que relativizar cada caso evitando a tentação demagógica do falar por falar, que está sempre muito presente em casos desta natureza.
Lembremo-nos do que foi dito e escrito quando Zéquinha e Mano, foram castigados, após o Mundial sub/20! Mesmo tendo em conta o facto dos acontecimentos terem tido lugar durante um jogo de uma selecção nacional, ouve um clamor generalizado contra a FPF!
Será que a Federação Francesa também foi fraca quando Zidane agrediu brutalmente Materazzi na final do Campeonato do Mundo 06? E a FIFA que convidou posteriormente o francês para uma das suas galas também foi fraca?
Na realidade, uma das áreas a necessitar de contenção e equilíbrio, é a dos chamados comentadores e analistas desportivos que perante situações controversas, em vez de sugerirem caminhos alternativos, só servem, na maioria dos casos, para lançar gasolina no fogo.
Assim é fácil.

Sexo e Futebol


No que se parecem: o sexo e o futebol?
No futebol, como no sexo, as pessoas suam ao mesmo tempo, avançam e recuam, quase sempre vão pelo meio, mas também caem para um lado ou para o outro, e às vezes há um deslocamento. Nos dois é importantíssimo ter jogo de cintura.
No sexo, como no futebol, muitas vezes acontece um cotovelaço no olho sem querer, ou um desentendimento que acaba em expulsão. Aí um vai para o chuveiro mais cedo.
Dizem que a única diferença entre uma festa de amasso e a cobrança de um escanteio é que na grande área não tem música, porque o agarramento é o mesmo, e no escanteio também tem gente que fica quase sem roupa.
Também dizem que uma das diferenças entre o futebol e o sexo é a diferença entre camiseta e camisinha. Mas a camisinha, como a camiseta, não distingue, ela tanto pode vestir um craque como um medíocre.
No sexo, como no futebol, você amacia no peito, bota no chão, cadencia, e tem que ter uma explicação pronta na saída para o caso de não dar certo.
No futebol, como no sexo, tem gente que se benze antes de entrar e sempre sai ofegante.
No sexo, como no futebol, tem o feijão com arroz, mas também tem o requintado, a firula e o lance de efeito. E, claro o lençol.
No sexo também tem gente que vai direto no calcanhar.E tanto no sexo quanto no futebol o som que mais se ouve é aquele “uuu”.
No fim sexo e futebol só são diferentes, mesmo, em duas coisas. No futebol não pode usar as mãos. E o sexo, graças a Deus, não é organizado pela CBF.


(Luis Fernando Verissimo - A Eterna Privação do Zagueiro Absoluto)

domingo, abril 26, 2009

Formação (1)

Campeões da Europa Sub/18 - 1994

Football - Técnica e Táctica


Aqui há um par de anos ofereceram-me um livro que é uma autêntica pérola. Chama-se "Football - Técnica e Táctica", da autoria de Cândido Oliveira e editado em 1935. Mestre Cândido, como era chamado, integrou a 1ª Selecção Nacional, foi Seleccionador Nacional em diversas ocasiões, treinador de várias equipas e jornalista distinto. Além da sua actividade profissional e da sua face como desportista de grande mérito, revelou-se como homem preocupado pelas grandes causas sociais da época, tendo chegado a estar preso no Tarrafal. Veio a falecer, depois de ter contraído pneumonia, durante o Campeonato do Mundo, de 1958, na Suécia.

Nas próximas semanas vou revelando pequenos excertos do livro, dada a pertinência e o valor de alguns deles.


"Terminada a tarefa no vestiário, o nosso jogador, sobretudo em caso de vitória, entrega-se a todos os excessos, come e bebe demasiado, vai ao cabaret e deita-se alta madrugada. Domingo à noite, tira a desforra dos dias que precederam o encontro, durante os quais se privou de muita coisa...Ora, é um erro altamente prejudicial.

...Domingo à noite, uma única coisa deve ser aconselhada aos jogadores: que se deitem cedo e descansem."


Repare-se que se estava em 1935 quando isto foi escrito!




sábado, abril 25, 2009

Virgílio, o Leão de Génova

Virgílio, em pé, é o quinto da esquerda para direita

Virgílio, antigo jogador do FC Porto, e 39 vezes internacional por Portugal, faleceu ontem com 81 anos de idade. Era um dos poucos jogadores portugueses que possuía um cognome, "O Leão de Génova", resultado de uma exibição fantástica, num célebre Itália/Portugal, disputado naquela cidade italiana, em 27.2.1949, no qual perdemos por 4-1. Afonso de Melo, no seu livro "Cinco Escudos Azuis", referiu-se da seguinte forma a Virgílio: "A exibição lusitana foi pobre, mas o conjunto renovava-se: Barrigana, Sério, Canário, Lourenço, Virgílio. Aliás a estreia do defesa-direito portista Virgílio Mendes, foi de tal modo auspiciosa que ele ficaria para sempre conhecido como o Leão de Génova. O fulgor que pôs na marcação ao perigoso avançado Carapellese mereceu a particular atenção dos jornalistas italianos."

Ficámos mais pobres. Obrigado Virgílio.

A Salgueiro Maia e aos Capitães de Abril



“QUEM A TEM...”

Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.


Eu não posso senão ser
Desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
E sempre a verdade vença,
Qual será ser livre aqui,
Não hei-de morrer sem saber.


Trocaram tudo em maldade,
É quase um crime viver.
Mas embora escondam tudo
E me queiram cego e mudo,
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.

Jorge de Sena
Aqueles que lutaram só por princípios. Aqueles que nada lucraram. Aqueles que hão-de ficar para sempre nos nossos corações. Ao Salgueiro Maia e a todos os outros que com ele estiveram naquela noite e dia.
O futebol volta amanhã

Foi bonita a festa, pá...



sexta-feira, abril 24, 2009

Pepe (2)


Foto: Francico Paraíso

Conforme se temia, Pepe foi castigado com 10 jogos pela Federação de Espanha. O castigo enquadra-se não só na resposta disciplinadora a uma atitude condenável, mas também, e muito, ao mediatismo que a envolveu. Todos os jogadores e muito especialmente aqueles que têm sobre si, quase em permanência, 14 câmaras de TV, têm de perceber que hoje nada escapa, seja um gesto inadequado, uma palavra desajustada, tudo se vê, da China à Gronelândia, da Camacha a Timor, é um só instante. Por isso o respeito aos adversários, aos árbitros e ao público, exigem uma cada vez maior contenção de todos os que vivem do e para o espectáculo. Como já tinha referido anteriormente, não vou crucificar Pepe, mas este exemplo deve servir para todos. Pede-se mais equílibrio, respeito acima de tudo pelo jogo. Estou certo que o nosso internacional deve estar a passar um período particularmente difícil e de grande arrependimento. Concluído o assunto, vamos dar espaço e abertura ao Homem.

O 1º de Deco o 20

Dia de estreia de Deco, contra o Brasil, nas Antas. Que número teria na sua camisola? Rui Costa era o 10 por direito e tradição. Deco desempenhava as mesmas funções na mesma zona do campo, mas só podia haver um 10. Lembrei-me, e bem pelos vistos, de 10+10=20. Assim jogou, assim marcou na estreia, assim ficou para sempre que é possível jogar com esse número. O Deco, o 20.

quinta-feira, abril 23, 2009

Outros sobre Mourinho


"O treino de sexta-feira, ao incidir sobre os subprincípios dos subprincípios relativos à finalização, por exemplo, está a incidir sobre o 1/3 relativo à execução propriamente dita, mas também sobre os 2/3 relativos à tomada de decisão aí implicados.

Perceba-se que o problema da decisão não se circunscreve ao momento final da situação de finalização, mas também aí está implícito. Agora, os 2/3 que dizem respeito a essa parte da finalização têm subjacente uma muito menor complexidade. Daí que este seja um exemplo das preocupações que Mourinho transporta para o treino de sexta-feira, para salvaguardar as questões relativas à fadiga táctica, fundamentalmente."


In "Mourinho - Porquê tantas vitórias?" de B.Oliveira, N.Amieiro, N.Resende, R.Barreto


Se há pessoa que admiro no mundo do nosso futebol, é José Mourinho. Admiro e respeito. No entanto, quando se é grande e outros começam a escrever sobre o próprio, existe o risco enorme de se transformarem coisas normais, embora possivelmente de grande valor, em situações quase próprias de eruditos, como se apresenta aqui nesta prosa. Lembram-me alguns concertos de música clássica a que assisti em Lisboa, em que ditos especialistas, se torciam e remexiam nas cadeiras como se só eles sentissem a música, enquanto a grande maioria dos presentes se limitava, humanamente, a ouvir e a tentar entender e sentir o que ouviam. Não será mais fácil ver e ouvir Mourinho, por ele próprio, sem tentar eruditamente, explicá-lo?

quarta-feira, abril 22, 2009

Pepe

Foto: Marca
Pepe passou-se. Errou.
Que atire a primeira pedra quem nunca se passou, quem nunca errou.
Pepe passou-se. Errou.
Pepe vai ser castigado, mas o maior castigo já o sofreu, depois de ter voltado à realidade e de ter observado não só as imagens como depois de ter sentido o gelo que rodeia e quase sufoca depois do erro cometido. Eu sei, porque já me passei num determinado momento. Agora o que eu também sei é que existe sempre uma causa para determinada reacção.
Não tem atenuante. Todos o sabemos. Mas um dia ele irá contar o que verdadeiramente aconteceu. Lembram-se do Zidane?
Se vos contasse, se vos pudesse contar, o que vários jogadores me contaram ao longo destes anos, sobre as coisas que acontecem dentro do campo, no momento dos cantos, dos livres , teríamos matéria para um livro.
Tem que haver controlo, com ou sem provocações. Mas às vezes é difícil. Pepe não resistiu.
Se tivesse que escolher alguém que nunca iria reagir, Pepe estaria no topo. Como é fácil enganarmo-nos!
Pelo que conheço de Pepe esta atitude representa o contrário do seu comportamento habitual, razão pela qual não o vou crucificar. Foi um erro. Só.

Fé(zadas)








terça-feira, abril 21, 2009

Grandes Jornalistas - Carlos Pinhão





"A primeira e única vez que Brasil e Portugal se encontraram em mundiais foi pela Copa de 66 (Liverpool, 19-7-66), quando os Magriços venceram por 3-1. Depois da derrota que afastou a canarinha da Copa de Inglaterra, os jornalistas brasileiros, incrédulos, curtiam a maior fossa na sala de imprensa, tentando encontrar uma explicação e uma justificativa para tão surpreendente vexame. Faziam uma pequena autópsia da derrota.

...O consenso, porém, foi estabelecido: acima de tudo e simplesmente, o Brasil perdera porque faltou futebol à selecção.

Enquanto os brasileiros discutiam na sala de imprensa - cada um com o seu diagnóstico - levantou-se da secretária na qual escrevia as suas notas, o jornalista português Carlos Pinhão, de A Bola. Com passos firmes, bem determinado, Pinhão foi até à cabine telefónica para passar sua matéria. No final, Pinhão, sobranceiro, olhando em seu redor, ditou em voz alta e bem soletrado, para que todos os brasileiros ouvissem, o título da matéria, que foi este: A TERRÍVEL VINGANÇA DA BOLA QUADRADA."





In "Meu Brasil Brasileiro" de Duda Guennes

segunda-feira, abril 20, 2009

Curiosidades

Coreia e RDA


As Selecções Nacionais de Portugal, ao longo da sua história, jogaram em vários momentos distintos, com selecções de países que neste momento não existem. Entre outros, em Abril de 1988, a selecção olímpica defrontou a então RDA (República Democrática Alemã) e em Junho de 1991, a selecção de sub/20, a Coreia unida, como representante das duas Coreias - a do Norte e a do Sul. Como se sabe, com a queda do muro de Berlim, a RDA veio a desaparecer e juntando-se à RFA, deu origem à actual Alemanha. A Coreia uniu-se como equipa só para esse evento - Campeonato do Mundo Sub/20 - que se disputou no nosso País, não tendo, infelizmente, voltado a fazê-lo.



domingo, abril 19, 2009

Futebol e Cultura



Fotos: Francisco Paraíso

"Foi um momento marcante. Ficámos todos impressionados com a cultura e a abertura de Carlos do Carmo. Deu-nos uma lição de fado e humildade. Depois do jantar, à média luz - como convém quando se fala de fado - juntámo-nos no refeitório para ouvir canções incontornáveis. "Canoa", "Quentes e Boas", etc. Pelo meio, os jogadores foram fazendo perguntas sobre fado e Carlos do Carmo ia respondendo a tudo. Ficámos a saber coisas interessantíssimas, por exemplo, não sabia que no fado de Coimbra ninguém bate palmas. É assim a tradição! Para nós, artistas, que vivemos do aplauso do público, é impensável isto acontecer. Carlos do Carmo é um adepto ferrenho do Belenenses. Mas hoje vestiu a camisola da selecção. A camisola que no final os jogadores fizeram questão de lhe oferecer com o nome "Carlos do Carmo" gravado nas costas. Não foi embora sem cantar a "Lisboa menina e moça", a pedido dos jogadores, que ajudaram nos coros."




In "Ricardo - Diário de um sonho" de Luis Miguel Pereira

sábado, abril 18, 2009

Arte e Futebol

De: Gilmar Fraga

I França/Portugal




Faz hoje precisamente 83 anos que este jogo teve lugar em França, na cidade de Toulouse. Chamou-se o I Portugal/França o que para o caso pouco conta. Foi o sétimo jogo da Selecção Nacional. Espectacular o trabalho da revista "Eco dos Sports"



quinta-feira, abril 16, 2009

Pensamento do Dia

Foto: Francisco Paraíso

"Não existe golo feio. Feio é não fazer golo" (Dadá Maravilha)



In "Meu Brasil Brasileiro" de Duda Guennes

Arie Haan




"A Federação Albanesa de Futebol (FAF) anunciou, hoje, a rescisão, por mútuo acordo, com o holandês Ari Haan, devido aos maus resultados obtidos na fase de qualificação para o Mundial 2010.“Esta decisão decorre das fracas exibições registadas nos últimos jogos internacionais e no falhanço na obtenção dos objectivos em alcançar uma melhor posição no Grupo 1 de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2010, na África do Sul”, explica a FAF, no “site” oficial, referindo que anunciará, nos próximos dias, o substituto do holandês.
Decorridas sete jornadas, a equipa albanesa ocupa a quinta posição no grupo 1, com seis pontos, em igualdade pontual com a selecção portuguesa, que tem menos dois jogos. Dinamarca e Hungria lideram o grupo, com 13 pontos, em cinco e seis jogos, respectivamente.
A Albânia, que perdeu recentemente na recepção à Hungria (1-0) e na deslocação à Dinamarca (3-0), recebe a selecção lusa a 6 de Junho, em Tirana.
Antes de chegar à selecção albanesa em Janeiro de 2008, quando substituiu o croata Otto Baric, o antigo internacional holandês e ex-jogador do Ajax de Amesterdão, comandou as selecções da China e Camarões e vários clubes com destaque para Anderlecht, Estugarda e Feyenoord."

Este afastamento de um conceituado treinador com provas dadas em várias equipas é no mínimo estranho, atendendo sobretudo às anteriores e fracas participações albanesas nas competições internacionais. Sugere-se atenção ao que acontecerá a curto prazo, dado que em 6 de junho iremos jogar com a Albânia, em Tirana, um jogo decisivo para a nossa qualificação.

Outro Futebol?

Portugal/Brasil, Mundial 66. Eusébio e Pelé.
Foto FIFA

quarta-feira, abril 15, 2009

Hillsborough




Portugal jogou com a Dinamarca o seu primeiro jogo no Euro 1996 no Estádio de Hillsborough. Tive oportunidade de contactar várias vezes os responsáveis da cidade de Sheffield bem como do clube. Fiz aliás várias amizades que se mantém até hoje. Numa das várias visitas e já na recta final de preparação para a chegada da Selecção Nacional à cidade, sugeri aos dirigentes do Sheffield Wednesday que a Selecção Nacional, após a sua chegada, se deslocasse ao estádio para aí colocarmos uma coroa de flores em memória dos que ali faleceram. Fomos imediatamente desaconselhados de seguir com a ideia para a frente, dado que o acontecimento estava ainda muito vivo e não deveríamos associar um momento festivo, a nossa chegada e o Euro, a uma tragédia que marcou a cidade e o País. Ficámos por uma simpática recepção protocolar na Câmara.
Para lembrar sempre.




Fotos: Wikipédia

quinta-feira, abril 09, 2009

Bora, Bora pró Iraque


"...Guus Hiddink é, como Felipão e Carlos Alberto Parreira, um cigano do futebol. Já dirigiu times e seleções em diversos países e na própria Copa do Mundo. Mas não é o maior dos ciganos. O título pertence sem dúvida ao sérvio Bora Milutinovic, que acaba de acrescentar mais uma seleção nacional ao seu currículo: a do Iraque, para a disputa da Copa das Confederações este ano, na África do Sul. Seu verdadeiro nome é Velibor e fala (mal) uma infinidade de idiomas, talvez até o seu nativo sérvio. Já dirigiu as seleções do México (duas vezes), Costa Rica, Estados Unidos, Nigéria, China, Honduras e Jamaica. Uma particularidade interessante é que Bora, em Copas do Mundo, dirigiu Estados Unidos, Costa Rica e China contra o Brasil. Em matéria de clubes, é até impossível lembrar quantos ele já comandou e em quantos países diferentes. Bora tem um grande sonho em sua carreira: um dia, quer ser técnico da Seleção Brasileira.

Quem sabe, ainda consegue."

Cigano do futebol


ESPN.com.br



2004 - Academia Alcochete


Foto: Francisco Paraíso

Carlos Silva


Faria hoje 75 anos. Foi um antigo praticante com destaque no CF "Os Belenenses", treinador de vários clubes nacionais, Presidente da ANTF e dirigente discreto, mas actuante - Vice-Presidente Desportivo da FPF - entre 2003 e 2007, ano do seu falecimento, três dias antes do Brasil/Portugal, no Estádio dos Emirates. Os jogadores, sem ninguém lhes pedir, dedicaram-lhe a vitória, no fundo, porque um deles, mais velho, partiu. Não o fazem a todos.

Fotos: Francisco Paraíso

quarta-feira, abril 08, 2009

Vintage

Começou hoje o Torneio do Porto, entre selecções sub/19, tendo Portugal vencido a Dinamarca por 2/0 e apresentando-se desse modo como forte candidato à vitória na competição. No entanto, não foi esta vitória que me mereceu este "post", mas sim a memória de muitos momentos passados neste popular torneio da Páscoa que já vai na 27ª edição. Lembro-me particularmente do que se disputou no ano de 1990, antes da fase final do europeu, que teve lugar na Hungria, e onde fomos, injustamente, vice-campeões da Europa, depois de termos perdido a final com a União Soviética, através da marcação de penalties. O facto mais saliente desse torneio do Porto, não foi, porém, a nossa vitória, mas a equipa em si. Foi um ano de extraordinária colheita.
Se não vejamos a equipa:Sentados: Luís Figo (Sporting CP), Peixe (Sporting CP), Luís Miguel (FC Porto), João Oliveira Pinto (Sporting CP), Gil (SL Benfica), Rui Costa (SL Benfica), Paulo Pilar (Sporting CP) e Toni (FC Porto)
Em pé: Jorge Silva (FC Porto), Abel Xavier (CF Estrela Amadora), Jorge Costa (FC Porto), Luis Nabais (SC Estrela), Álvaro Gregório (FC Porto), Miguel Bruno (FC Porto), Kico (Boavista FC) e Brassard (SL Benfica). Não esquecendo ainda a ausência da maior referência dessa equipa, João Vieira Pinto, que provavelmente, por motivos físicos, não esteve presente.
Deste grupo de jogadores presentes no Porto, dez deles tornar-se-iam campeões do mundo sub/20 no ano seguinte. Seis alcançariam a internacionalização "AA". Um deles - Luís Figo - foi considerado em 2001 o melhor jogador do mundo pela FIFA e é o jogador português mais internacional de sempre. Será muito difícil, para não dizermos impossível, voltarmos a ter um grupo de jogadores e uma equipa com este alto nível. Como última curiosidade, refira-se que Rui Costa, chegado tardiamente às selecções nacionais, se estreou com a camisola das quinas no primeiro jogo desse torneio, contra a Holanda. Foi a primeira de um total de 135 internacionalizações, das quais 94 nos "AA".

terça-feira, abril 07, 2009

FC Porto


Para quem gosta de futebol. Para quem não gostou da arrogância demonstrada por Alex Ferguson - aquela de jogar no Domingo não lembra nem ao diabo. Para quem gosta da intromissão dos pequenos junto dos poderosos. Para os que neste momento conseguem despir a sua camisola - e há bem poucos! Para todos esses, valeu a pena ver e apreciar o jogo de hoje e a exibição do FC Porto.

Futebol Feminino


A Selecção Feminina Sub/19, perdeu hoje com a sua congénere da Bélgica por 3/1, em jogo de preparação para o Torneio de Elite. Este resultado reflecte a diferença existente entre o Futebol Feminino em Portugal e o da grande maioria dos países europeus. Apesar do apoio que a FPF tem mantido sobre este sector, embora reconheçamos, com alguma timidez e reserva, não sairemos desta situação pré-desenvolvimento se não apostarmos decididamente nas estruturas de suporte das atletas, ou seja, nos clubes. Seja com medidas financeiras, seja com apoios materiais, seja com outas medidas inovadoras, algo terá de se fazer para que o Futebol Feminino, como todo o desporto para as jovens ou mulheres em Portugal, possa equiparar-se a outros países da nossa dimensão, como acontece aliás no futebol e no desporto masculino em geral. É certo que este problema, transcende em certa medida as federações e torna-se num assunto do Estado português, dado que as condições para a prática desportiva proporcionadas às jovens portuguesas são de facto lamentáveis. No futebol, só a carolice de muitos dirigentes, técnicos e sobretudo das jogadoras, consegue manter equipas a competir. Lembro que ainda há pouco anos estávamos entre os primeiros quinze do ranking e hoje estamos na quarta dezena. Conheço em particular o esforço que estas jovens das selecções fazem para se manterem a competir a este nível. Sei o que lhes custa perder por 7 e 8, e com a Alemanha, há poucos anos, por 13. Sei como sofrem pela completa impotência em modificar esta situação. E sei também que mereciam muito mais do que lhes proporcionamos. Não basta ter selecções nacionais - a árvore - esquecendo a floresta.
Nota: Nos anos 80 a Direcção da FPF deliberou acabar com a Selecção Feminina. Um dos autores dessa decisão tinha o pelouro do futebol feminino da UEFA! Decisões destas, mais cedo ou mais tarde, pagam-se caro.

segunda-feira, abril 06, 2009

Acontece aos melhores

Desde que se tornou conhecido na Europa do futebol que me habituei a admirar Sven-Goran Eriksson. Com um percurso sempre ao mais alto nível, com vitórias, sem enormes vitórias é verdade, mas com uma atitude muito positiva e de grande fair-play, tem cultivado uma imagem de homem calmo, tranquilo, conhecedor, como poucos no mundo desta modalidade. Conheci-o pessoalmente num dos vários sorteios uefeiros e da fifa onde estivemos presentes e onde fui apresentado por um dos muitos amigos que tem por estas bandas, quer ao nível de treinadores, quer da comunicação social. Sempre que se falava do nosso país via-se-lhe um brilhozinho nos olhos, próprio de quem gosta do que se fala. Ironicamente, foi Portugal que lhe deu duas machadadas tremendas no seu currículo, em 2004 e 2006. Quem não se lembra das suas imagens no Estádio da Luz, quando Helder Postiga e Rui Costa marcaram os golos no Portugal/Inglaterra, do Euro 2004? Em 2006, em Genselkirchen, a história, que normalmente não é muita propícia a repetições, encontrou-se de novo com os mesmos intérpretes e com o mesmo resultado. Reconfortei Eriksson em pleno centro do relvado da Arena, sabendo que a minha alegria de então poderia passar a tristeza num dos próximos dias. E como veio depressa!
Para quem vive e anda no futebol, o respeito pelos adversários deveria balizar todos os seus actos. Infelizmente não é isso que acontece todos os dias, especialmente no nosso País. Por isso, neste momento profissional menos bom de Sven, tiro daqui uma grande chapelada ao Homem.