segunda-feira, março 30, 2009

Cidade do Porto


Junho de 2004, Portugal inicia o Euro e perde com a Grécia no Dragão. Clima de desolação e tristeza, no estádio, por todo o País, mas sobretudo dentro do balneário. Não há palavras para descrever os sentimentos dos que viveram por dentro aqueles momentos. Depois de dois anos de preparação chegar ao jogo mais ansiado e perder daquela forma tão, digamos, tristonha, é como se o mundo desabasse sobre as nossas cabeças. Deu vontade de fugir e as lágrimas que alguns jogadores verteram foram profundamente sentidas.

Regressámos ao hotel para jantar antes de partirmos para Lisboa. Durante a refeição imperava um silêncio de cortar à faca dado que todos sentiram que a partir dali a margem de erro era zero e as dificuldades que surgiriam de imediato eram grandes. Rússia e Espanha corporizavam os adversários seguintes e seria necessário um grande Portugal para os vencermos. Sobretudo, talvez nesse momento, o mais importante seria recuperar mentalmente os jogadores para as tarefas que estavam ali ao dobrar da esquina.

Para nosso espanto recebemos um tónico inesperado dos adeptos daquela cidade que se concentraram junto ao hotel esperando a nossa saída. Dezenas e dezenas de pessoas com bandeiras e cachecóis gritaram ruidosamente por Portugal fazendo-nos acreditar na possibilidade de ultrapassarmos aquela situação. Falámos durante a curta viagem até ao aeroporto do sentido daquele gesto e da surpresa de que se revestiu, dado termos pensado que as frias relações entre o FC Porto e a Selecção Nacional impediriam uma reacção deste tipo. Ilusão nossa. Novamente junto à porta do aeroporto mais algumas dezenas de pessoas incitaram-nos e deram-nos um pouco mais de força do que aquela que tinhamos.

Cinco anos depois, na mesma cidade, no mesmo hotel, a cena repetiu-se, e ontem fomos surpreendidos de novo, com mais uma manifestação de apoio dos adeptos que de certeza também se sentiram desiludidos com a injustiça do resultado da véspera mas que mesmo assim nos quiseram manifestar a sua confiança. É altura de retribuir o seu apoio e tal como em 2004, darmos a volta para um novo ciclo. Que pode começar amanhã com a África do Sul e terminar com a nossa presença no Mundial 2010.

Obrigado Porto.

domingo, março 29, 2009

O Dia Seguinte



Não é fácil retomar os trabalhos quando acontecem desilusões iguais às de ontem. É um processo moroso, quase de readaptação, perante o vento gelado que penetra as nossas ambições como se de uma faca afiada se tratasse. Acontece, mas custa, principalmente quando estivemos habituados anos a fio a conseguirmos alcançar os nossos objectivos sem recurso a grandes cálculos. O sinal veio já da última qualificação, tirada a ferros com dificuldades acrescidas e inesperadas. Não podemos culpar este ou aquele por este ou outro desaire. O processo é colectivo e retrata a realidade do nosso futebol. Quantos pontas-de-lança existem como titulares das nossas equipas? Como está essa situação a nível dos nossos escalões de formação? Quantos estrangeiros, xenofobia à parte, jogam nos nossos campeonatos? Será que existe alguma tentativa para aumentar o número de praticantes nacionais ao nível das ligas profissionais? Ou tudo isto não passa de um salve-se quem puder, do qual, em última análise, as selecções nacionais, acabam por ser os principais prejudicados? Basta ler as páginas dos jornais desportivos de hoje para verificar que os principais clubes continuam a procurar no estrangeiro aquilo que deveriam fazer internamente, ou seja, formação a sério. Sem isso, mais tarde ou mais cedo, afogar-se-ão no pântano de resultados financeiros desastrosos, sem as consequentes mais-valias a nível desportivo. E as selecções nacionais, com muito, pouco, bom ou mau trabalho, não terão qualquer hipótese de êxito futuro.

Quanto ao jogo o habitual aconteceu, muito bom trabalho em dois terços do campo, péssima capacidade de concretização. E também do habitual "azar" que em minha opinião aconteceu na lesão de Bosingwa, o facto determinante do jogo. De três excelentes e experientes laterais direitos ficámos de uma assentada sem nenhum.

Temos de continuar a acreditar que é possível chegar à fase final do mundial mas para isso teremos de ganhar já em Junho na Albânia. Esse sim o primeiro dos jogos decisivos.

sábado, março 28, 2009

Sensações





Quando faltam pouco mais sete horas para o grande jogo da noite, as minhas memórias estão em reboliço, revivendo-as, como se fossem hoje. Passaram pelos meus olhos algumas situações ocorridas ao longo de tantos anos junto das Selecções Nacionais. Desde um curto encontro que ontem tive com o Maradona de Colónia, Petit, que essas imagens e sensações não mais me largaram durante o resto da noite e o dia de hoje. Ao visitarmos o Estádio do Bessa para uma curta activação, entre as 11.00 e as 11.30 mais se cimentou o meu estado de espírito tipo "RTP memória". Encontrei Rui Bento, campeão do mundo em 1991, um pouco triste com a situação do seu Boavista, relembrando-me do percurso fantástico nesse mundial e dessa geração de jogadores que marcaram o futebol português nos últimos dezoito anos. Infelizmente, já todos sairam deste grupo embora a sua marca tenha ficado para sempre enraizada entre nós. Lembrei-me também, quando precisamente neste dia, em 2001, no Porto, mas nas Antas, empatámos 2-2 com a Holanda, num extraordinário jogo de futebol. No final, na cabina, fomos visitados por António Guterres, primeiro-ministro de então, que nos felicitou pelo brilhante jogo e que comemorou connosco o aniversário do Dr. Nuno Campos. Demos nessa noite o passo quase decisivo para o Mundial de 2002, embora tivessemos ainda alguns obstáculos bem difíceis pelo caminho. Van Gaal, nessa noite, depois de estar a ganhar por 2-0 pensou em goleada. Foi a sua "derrota", dado que a partir de determinado momento os nossos jogadores acreditaram que era possível dar a volta. E deram-na de uma forma quase épica. Quase no final do jogo, Portugal forçou o ataque e o árbitro marcou um penaltie, tendo Figo assumido que seria ele a marcá-lo perante a "recusa" dos habituais marcadores em fazê-lo. Essas imagens ficarão para sempre na minha memória. Luis Figo a correr para a bola, a marcar, a continuar a correr com a camisola na mão, e o estádio em total delírio. Sensações fantásticas que espero voltar a viver esta noite. Figo estará hoje na bancada a ver o jogo, tal como tantos outros ex-internacionais. O espírito de Selecção continua em crescendo. Vamos lá pessoal!

quinta-feira, março 26, 2009

Castigos?






www.fpf.pt



Surgiram alguns artigos e vozes na blogosfera e na comunicação social, criticando o "castigo" imposto aos jogadores Pereirinha e Rui Pedro. Não está em questão a liberdade de opinião de cada um mas parece-me que a resposta técnica da FPF foi a mais adequada. Refiro-me a resposta técnica porque não houve qualquer consequência disciplinar. Os jovens, por mais talentosos que sejam, têm de saber e perceber que estar num jogo, seja ele qual for, com aquela camisola vestida, deverá ser sempre um orgulho para qualquer atleta e que a responsabilidade de representar a Selecção Nacional, qualquer uma, é enorme. Não atalhar rapidamente sinais de vaidade ou de presunção, levar-nos-á, mais cedo ou mais tarde, à criação de jogadores sem futuro. E disso temos, infelizmente, alguns exemplos.
Luis Figo, Rui Costa, Eusébio e tantos outros, foram referências de jogadores disciplinados perante os seus colegas, adversários, treinadores, dirigentes e público. Não foi só a sua competência profissional que os projectou, mas também as suas atitudes como homens. A perfeita união entre essas qualidades tornaram-nos grandes. Por isso ficaram para a história. Não foram grandes aos 20 anos, foram grandes sempre. E disso todos nos orgulhamos. A história, sabemos, não se faz só dos grandes, mas é para ajudar a tornar jogadores normais em grandes jogadores que as Selecções Nacionais também servem. Se além disso também crescerem como homens disciplinados e integrados na sociedade, tanto melhor.
Pereirinha e Rui Pedro, excelentes executantes, têm tempo para reflectir que o respeito perante os seus colegas, adversários, treinadores e público, fazem parte muito importante no seu percurso como futuros, esperamos, atletas de alto nível.

Portugal/Suécia


A Selecção Nacional viajará hoje para o Porto para disputar o importante jogo com a Suécia no próximo sábado. Numa classificação por pontos, só no final se poderão tirar conclusões. Por vezes, em Portugal, pretendemos fazer análises finais a meio das qualificações e neste caso concreto, quando ainda se disputaram somente quatro jogos, uma parte considerável dos conhecedores do futebol, afirma que não nos qualificaremos. Nada de pânico e de previsões catastróficas. É muito importante vencer a Suécia pois trata-se de um adversário directo que ficará com mais pontos perdidos. Não esqueçamos entretanto que os verdadeiros testes das equipas oponentes mais fortes virão quando se defrontarem entre elas e perderem naturalmente pontos. A qualidade dos nossos jogadores e a organização da equipa serão de facto áreas decisivas no jogo. Confiemos na equipa técnica liderada por Carlos Queiroz e na capacidade dos nossos atletas. Confiar e trabalhar para que estejamos na África do Sul terá de ser o nosso objectivo. Sabemos que imensos obstáculos surgirão pelo caminho, os maiores dos quais somos, por vezes, nós próprios, na eterna atitude de desconfiança nas nossas capacidades, pelo que este é o momento indicado para começar a acreditar que é possível.
Vamos encher o Dragão e apoiar a Selecção Nacional.

quarta-feira, março 25, 2009

Selecções Nacionais





Infelizmente não conseguimos vencer a Inglaterra em Sub/17, interrompendo-se desse modo a onda de vitórias da equipa portuguesa. Esperemos pelo próximo jogo. A Selecção de Sub/21, venceu a Selecção da Madeira por 1/0, golo de Rui Fonte e tem todas as condições para voltar a vencer o Torneio da Madeira.

Campeonato da Europa Sub/17


Começa hoje na Hungria o Torneio de Elite de qualificação para a Fase Final do Euro da categoria. Esta equipa treinada pelo Prof. Edgar Borges é a mesma que na época passada foi copiosamente batida pela Espanha por 7/0, no Torneio de Santarém de Sub/16. Gerou-se então o pânico nalguma imprensa sobre o inesperado e desnivelado resultado. Contudo a equipa técnica e a FPF souberam encontrar o caminho para resolver os problemas então detectados. Mais espaços de treino, maior participação internacional, mais experiência e rapidamente os resultados foram sendo obtidos de uma forma consistente. Vitórias nos torneios de Inglaterra e Algarve, perante equipas como a Itália, Inglaterra e outras dão-nos hoje esperança de uma qualificação para a fase final. Edgar Borges e os jogadores merecem-no pelo esforço efectuado.



Há alguns anos atrás, em Sub/15, Portugal venceu a Espanha por 8/1. Nessa equipa de Espanha vencedora do Euro Sub/16 - hoje Sub/17 - do ano seguinte, jogavam dois jovens, Villa e Capdevila, que em 2008 se sagraram vencedores do Euro no Suiça/Áustria. Tudo afinal é relativo nestes escalões. Como diz e bem Carlos Queiroz, temos de ter uma política anti-pânico perante situações deste tipo.
Etiquetas: Selecções Nacionais
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terça-feira, março 24, 2009

Torneio da Madeira


O que se passou hoje na Madeira, no jogo com Cabo Verde, envolvendo dois jogadores no momento da marcação de uma grande penalidade, tornou-se o facto do jogo. Saiu comprometida a imagem dos jogadores mas acima de tudo a imagem da selecção. Merece reflexão por parte de Rui Caçador e uma chamada de atenção por parte da FPF. Lembrou-me não sei porquê o Mundial de Sub/20 do Canadá. Será pelo facto de alguns dos intervenientes do jogo de hoje lá terem estado? Portugal ganhou por 2-0 mas perdeu em atitude e respeito pelo adversário.

Selecções

Edgar Borges, Treinador Nacional Sub/17


Depois da excelente prestação da Selecção Nacional Feminina no Mundialito e da qualificação para o euro da categoria, da Selecção de Futsal, competem hoje as selecções de Sub/18, com a Polónia, e a de Sub/21, com Cabo Verde, neste último caso a contar para o Torneio da Madeira. Amanhã na Hungria, os Sub/17, iniciam a sua participação no Torneio Elite de qualificação para a Fase Final do Campeonato da Europa da categoria num jogo contra a Inglaterra. Bastante actividade. No entanto será importante reflectir no que se passou com o Futsal. Não se pode manter uma Selecção Nacional sem formação de suporte que lhe permita a sua renovação gradual. Hoje o núcleo duro desta equipa tem cerca de 30 anos de média. Média muito alta que convém baixar mas sem que baixe drasticamente a qualidade. Por isso é tempo de tomar medidas sérias para prevenir o futuro, antes que este desabe sobre nós.

segunda-feira, março 23, 2009

PAULETA

Começo, lembrando um momento bonito num período difícil! Grande Pauleta, homenagem justa no próximo sábado no Estádio do Dragão.