Junho de 2004, Portugal inicia o Euro e perde com a Grécia no Dragão. Clima de desolação e tristeza, no estádio, por todo o País, mas sobretudo dentro do balneário. Não há palavras para descrever os sentimentos dos que viveram por dentro aqueles momentos. Depois de dois anos de preparação chegar ao jogo mais ansiado e perder daquela forma tão, digamos, tristonha, é como se o mundo desabasse sobre as nossas cabeças. Deu vontade de fugir e as lágrimas que alguns jogadores verteram foram profundamente sentidas.
Regressámos ao hotel para jantar antes de partirmos para Lisboa. Durante a refeição imperava um silêncio de cortar à faca dado que todos sentiram que a partir dali a margem de erro era zero e as dificuldades que surgiriam de imediato eram grandes. Rússia e Espanha corporizavam os adversários seguintes e seria necessário um grande Portugal para os vencermos. Sobretudo, talvez nesse momento, o mais importante seria recuperar mentalmente os jogadores para as tarefas que estavam ali ao dobrar da esquina.
Para nosso espanto recebemos um tónico inesperado dos adeptos daquela cidade que se concentraram junto ao hotel esperando a nossa saída. Dezenas e dezenas de pessoas com bandeiras e cachecóis gritaram ruidosamente por Portugal fazendo-nos acreditar na possibilidade de ultrapassarmos aquela situação. Falámos durante a curta viagem até ao aeroporto do sentido daquele gesto e da surpresa de que se revestiu, dado termos pensado que as frias relações entre o FC Porto e a Selecção Nacional impediriam uma reacção deste tipo. Ilusão nossa. Novamente junto à porta do aeroporto mais algumas dezenas de pessoas incitaram-nos e deram-nos um pouco mais de força do que aquela que tinhamos.
Cinco anos depois, na mesma cidade, no mesmo hotel, a cena repetiu-se, e ontem fomos surpreendidos de novo, com mais uma manifestação de apoio dos adeptos que de certeza também se sentiram desiludidos com a injustiça do resultado da véspera mas que mesmo assim nos quiseram manifestar a sua confiança. É altura de retribuir o seu apoio e tal como em 2004, darmos a volta para um novo ciclo. Que pode começar amanhã com a África do Sul e terminar com a nossa presença no Mundial 2010.
Obrigado Porto.
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