sexta-feira, abril 24, 2009

O 1º de Deco o 20

Dia de estreia de Deco, contra o Brasil, nas Antas. Que número teria na sua camisola? Rui Costa era o 10 por direito e tradição. Deco desempenhava as mesmas funções na mesma zona do campo, mas só podia haver um 10. Lembrei-me, e bem pelos vistos, de 10+10=20. Assim jogou, assim marcou na estreia, assim ficou para sempre que é possível jogar com esse número. O Deco, o 20.

3 comentários:

  1. Quero recordar, com o teu beneplácito, caro CG, uma conversa privada que tive com o Deco no dia da sua primeira chamada à Selecção. Foi no Hotel Amazónia, no quarto dele, depois da conferência de imprensa. Fui lá felicitá-lo pela forma elegante e positiva como tinha respondido a todas as perguntas, mais ou menos polémicas e provocatórias, sobre a sua chamada à Selecção Nacional, se iria ser o substituto do Rui Costa e coisas do género. O Deco disse-me uma coisa que repetiu uns tempos mais tarde, numa outra conversa, semanas antes de eu deixar de colaborar na Selecção Nacional: “Zé Carlos, estou aqui para ser eu próprio, não para substituir ninguém, muito menos alguém como o Rui Costa. Fiquei a admira-lo ainda mais pela frontalidade como ele se expressou sobre a chamada de jogadores naturalizados à Selecção. Não sei se no caso dele não pensaria da mesma forma. Sei é que escolhi jogar por Portugal pelo que sinto em relação a este país. Penso que a única forma que um jogador tem de pagar de volta um pouco do que o futebol lhe dá é ajudar a Selecção Nacional. Não nasci aqui? Pois não, mas foi aqui que me fiz jogador e cheguei onde cheguei. Se gostava de ter jogado pela Selecção do Brasil? Claro, mas estar aqui não é uma forma de compensar não ter ido à Selecção do Brasil. Estar aqui é uma opção consciente, de coração. Não me custava nada ficar em casa à espera de uma oportunidade do Brasil que, acredito, poderia chegar. Zé, na vida, aprendi de pequeno, não podemos ficar à espera muito tempo. Esta era a hora de decidir e decidi. Nunca me vou arrepender”. Foi no quarto dele, esta conversa que durou uns 10 minutos. Umas semanas depois, quando eu e o Chico, o fomos buscar a Coimbra (a ele e a outro jogador), falei com ele sobre a minha próxima saída da Selecção e a resposta do Deco foi exemplar: “Zé, lembras-te do que te disse? Se esta é a hora de decidires o teu futuro, decide. Mas decide de forma a nunca te arrependeres”. Decidi, como se sabe, sair. Só me arrependi, como disse ao próprio Deco mais tarde (e a ti também, caro CG), de não ter vivido por dentro, com a Selecção Nacional, aquela aventura do Euro’2004. E, digam o que disserem as más-línguas, na Selecção Nacional Deco é Deco, como Figo é Figo, Rui Costa é Rui Costa, Vítor Baía é Vítor Baía e Eusébio é Eusébio. Todos grandes, todos insubstituíveis.

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  2. Zé, obrigado pelo teu comentário, sincero e sensível. Sobre a tua saída da selecção qualquer dia escrevo algo. Como sabes, lamentei-o, e muito. Tudo sempre em nome de nada de positivo. Mas como o Deco te disse, foste para melhor. Mas que por aqui perdemos, lá isso perdemos. E já agora também tive pena que não estivesses por aqui no 04. E isto sem ter nada contra um dos teus sucessores, Afonso de Melo, que fez um bom trabalho. O assessor seguinte, recordo-o neste dia especial, o João Paulo Dinis, foi utilizado como instrumento de uma estratégia felizmente derrotada. Enfim, "estórias".

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  3. essa conversa sobre as naturalizacoes sempre será um ponto de muitas discussoes. cada um tem a sua opiniao sobre isso.
    cá na alemanha as naturalizacoes nao causam tantas discussoes. olhando para as camadas jovens, pode se ver muitos jogadores que nao têm raízes alemas. por aqui o que importa é o resultado!
    se eu fosse futebolista vivendo, tal como é, no estrangeiro, nunca me caia na cabeca de jogar para o respectivo país. a minha escolha sempre seria a minha pátria. bem, nao seria bem a MINHA escolha, pois seria a do seleccionador.
    de qualquer maneira eu respeito a decisao do deco e sempre suportei essa decisao porque achei que ele foi uma mais valia para seleccao, e ele provou que é! eu acho que sempre que um jogador será uma mais valia para a equipa e que decidisse jogar para portugal, devia ser convidado a mostrar a sua qualidade. isso tambem nao tem nada a haver com um lugar tirado a um português natural. todos que sao chamados têm a possibilidade de jogar se mostrarem que mesmo merecem.
    claro que nem todos os jogadores podem ser naturalizados para jogar na seleccao, mas por vezes mostram se oportunidades que nao se pode esperar muito, como já foi dito aqui. tem se que tomar uma decisao e até agora tenho que admitir que os jogadores que foram naturalizados e jogaram no "clube de portugal", deco e pepe, sao mais valias!

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