quarta-feira, maio 20, 2009

Ferenc Puskás


Em comparação com outros jogadores da época, era considerado gordo e baixo, assim como um anão de jardim. Colocava brilhantina nos cabelos negros e penteava-os para trás. Alguns diziam que se vestia com a mesma deselegância de um balconista de bar do subúrbio, e além disso possuía os olhos gelados de um carteador de casino.
Mesmo com todas essas características que podiam fazer dele um homem comum, acabou tornando-se num dos maiores craques que o
ffutebol já conheceu. Na Selecção Húngara, que se tornou imbatível no final da década de 40 e começo da década de 50, tratavam-no por major galopante. Já na equipa do Honvéd de Budapeste, conheciam-no como o esquerda de ouro.
Começou a sua carreira de jogador profissional em 1943
num time da sua cidade chamado Kispest, quando tinha dezesseis anos. Em dois anos já estava estreando pela selecção e, em 1948 era o artilheiro da liga húngara, com cinquenta golos. Dotado de grande classe, possuía um verdadeiro canhão no pé esquerdo, um dos chutes mais fortes e precisos da história do futebol.
Os húngaros foram campeões olímpicos
em 1952 jogando um futebol do outro mundo para a época. Foi uma campanha que surpreendeu o mundo do futebol. Em cinco jogos, cinco vitórias com vinte golos marcados contra apenas um sofrido. Tocavam a bola com classe, rapidez e uma determinação de vencer que surpreendia os rivais.
A revolução de
1956 em que a Hungria se revoltou contra a ocupação soviética acabou com a selecção húngara e com o Honved. Mas Puskás sobreviveu. Sendo assim, iria jogar no Real Madrid, onde começou uma vida nova. Ao lado de outros jogadores de peso da época como
Alfredo Di Stéfano, Raymond Kopa e Francisco Gento, destacou-se com intensidade. Ganhou nove títulos nacionais e internacionais, os quais vieram a somar-se aos cinco que havia conquistado na Hungria. Foi quatro vezes artilheiro do campeonato espanhol. Naturalizado, vestiu a camisa da selecção espanhola na Taça do Mundo de 1962. Em 1954, pela selecção húngara, perdeu a final do mundial para a Alemanha, em um dos resultados mais inesperados da história das copas do mundo.
Encerrou a carreira como jogador por volta dos quarenta anos de idade. Acabou tornando-se um treinador de relativo sucesso, uma de suas melhores performances foi quando levou o
Panathinaikos, da Grécia, à final da Taça dos Campeões. Encerrou a sua carreira de técnico no começo da década de 90
.
Desde 2000
, Puskas sofria do Mal de Alzheimer, doença degenerativa que atinge o cérebro e causa perda progressiva da memória. Uma última homenagem veio em 2004, quando foi eleito o melhor jogador da Hungria dos cinquenta anos da UEFA, nos Prémios do Jubileu da entidade.

O ídolo morreu em Budapeste
, no dia 17 de Novembro de 2006, depois de ficar internado durante cerca de dois meses.

No início do ano de 1998, na reunião de escolha de datas do nosso grupo para o Euro 2000, estive num jantar, juntamente com Humberto Coelho e o Dr. Alberto Silveira, onde conhecemos pessoalmente Ferenc Puskás. A saúde desse extraordinário jogador já nessa altura me pareceu precária , mas foi de facto um enorme prazer termos falado um pouco com ele. Ao analisar-se o vídeo abaixo pode-se constatar a sua classe fora-de-série. Em Setembro deste ano jogaremos de novo em Budapeste, no estádio com o seu nome. Esperemos que o resultado seja tão bom como o que se verificou nesse ano.





2 comentários:

  1. Há uma história minha, relacionada com Ferenc Puskás, que gostava de contar. Conheci-o também pessoalmente e estive com ele em três ou quatro ocasiões, tendo numa delas tirado uma fotografia a seu lado que fez o favor de autografar. Foi num evento qualquer da Associação Internacional de Imprensa Desportiva (AIPS), numa altura em que, através do CNID, participei em mais de uma dezena de congressos da associação. Em Abril de 1999, voltei a Budapeste para mais um congresso da AIPS, onde o Carlos Cruz fez uma brilhante apresentação da candidatura de Portugal à organização do Euro’2004. Acontece que havia deixado o passaporte em Lisboa, na agência de viagens, porque tinham de tratar do visto para ir para os Estados Unidos e como eu partia para Los Angeles dois dias depois de chegar de Budapeste tinha de ser assim, dizia-me a pessoa da agência de viagens. Questionei-o quanto à entrada na Hungria, pois, por motivos pessoais, já lá havia estado muitas vezes e o passaporte ainda era necessário. Que não, disse-me a pessoa da agência, pois como a Hungria já havia feito o pedido de adesão à União Europeia bastava apenas o BI.
    Chegado ao controlo de fronteiro no aeroporto de Budapeste… pedem-me o passaporte. Conto-lhes a história toda e o polícia, jovem e simpático, diz que sim, que bastará o BI mas só dentro de dois ou três meses. Naquele momento tinha de ser ainda com o passaporte. Conto-lhe que venho para um congresso de jornalistas desportivos, falo-lhe de futebol e ele chamou o chefe. Este, senhor bem mais velho, muito atencioso, também disse que era uma pena, mas tinha mesmo de mandar-me de volta para Lisboa pois sem passaporte nada feito. No final da conversa, já não sei porquê, ele fala-me dos jogos que Portugal tinha feito com a Hungria no apuramento para o Euro’2000 e diz que no tempo dele, com o Puskás, nunca teríamos ganho à Hungria.
    “Pois, o meu amigo Puskás era terrível”, digo-lhe eu para espanto do senhor. “Você conhece o Ferenc?” pergunta espantado. Digo-lhe que sim e que até tenho uma fotografia com ele autografada. O homem passasse completamente! Pegou na foto, no meu BI, foi para um gabinete e passados uns minutos voltou com um papel cheio de carimbos. Era uma autorização especial para eu entrar e sair da Hungria sem passaporte. Ou melhor, naquele caso, o meu passaporte foi a fotografia do Ferenc Puskás.
    A história acabou mal, pois meses depois, na minha estreia oficial como assessor de imprensa da Selecção Nacional, perdi essa fotografia. Estava dentro de uma agenda telefónica (daquelas tipo livro de merceeiro, muito antigo) que deixei no quarto de hotel em Baku.

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  2. Zé, tu numa história fizeste lembrar-me algumas outras correlacionadas. Baku e a tentativa de "levantamento de rancho" contra o Seleccionador que foi desmontada, mas não afastada totalmente, vindo a reflectir-se na fase final, uma entrada na China com o António Boronha que vou contar num destes dias,a candidatura do 2004, sei lá! O que tu me fizeste lembrar. Abraço

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