Os prós e os contras

Desde que Carlos Queiroz assumiu o comando da Selecção Nacional, tem sido curioso assistir a um outro campeonato. Chama-se "Campeonato Luiz Felipe Scolari versus Carlos Queiroz". De um lado os "defensores" do anterior Seleccionador Nacional, do outro, os "apoiantes" do actual Seleccionador. Um campeonato onde participam alguns jornalistas, comentadores e cronistas, disputado com muita vibração, entusiamo, mas com análises "muito pouco objectivas". Pouco interessa se a Selecção Nacional, ganha, perca ou empate, o que interessa é que tenhamos razão, ou seja, que Scolari era um atrasado e Queiroz um iluminado, ou que Scolari era fantástico e Queiroz um zero. De tudo se leu, de tudo se viu e ouviu. O curioso é que a maioria dos participantes desse inédito campeonato, são pessoas inteligentes, com grande capacidade de escrita e palavra fácil, mas ao fazerem análises medíocres e nalguns casos, deliberadamente falsas, tornam-se, nalguns casos, intelectualmente desonestos e manipuladores. No fundo, quem viveu as duas faces da mesma moeda, como é o meu caso, sabe que houve um trabalho extremamente importante e continuado de Queiroz, de 1984 a 1993 e que houve também méritos enormes de Scolari na sua passagem por Portugal, de 2003 a 2008. A partir de Julho de 2008 e em 2009, ouve uma mudança de ritmos e de processos de trabalho, próprios de outra personalidade, e que tiveram um final feliz em Zenica, na passada 4ª feira, com a qualificação para o Mundial 2010. Quase todos os seleccionadores, desde que aqui estou, de uma forma ou de outra, tiveram um papel positivo no desenvolvimento desta realidade chamada Selecção Nacional, mas afastar Luiz Felipe Scolari e Carlos Queiroz, do êxito e do sucesso de parte deste percurso de 25 anos, é no mínimo ridículo. Só porque não se gosta de um ou de outro. Já agora, convém dizer que nunca vi nenhum resultado LFS 1/Holanda 0, ou CQ 3/Hungria 0. É de Portugal que falamos. Um dia, quando for possível começar a analisar-se com seriedade a história recente, com o distanciamento que estas coisas necessitam para serem abordadas, falarei dos méritos e capacidades de cada um deles, porque ambos os possuem em alto grau. E são esses méritos e detalhes que fizeram e fazem as diferenças. Finalmente, conseguida esta difícil qualificação, não será tempo de terminar estas querelas, de deixar as vitórias e os sucessos para quem os obteve e de tratar o passado, de um e de outro, com o devido respeito? O futuro está aí à porta e temos possibilidades, organizados, competentes e sérios, e com um pouco de ajuda do factor sorte, de atingir mais um ponto alto do nosso futebol.