Recebi um link acerca do final do futebol feminino no Odivelas. Compreendi a amargura, a revolta e a ansiedade de quem o escreveu, porventura reflectindo os sentimentos do grupo de jogadoras que integravam aquele clube, e que sem o esperar, ficaram sem possibilidades de competir, e, pior, com as suas expectativas como atletas completamente defraudadas. Não estou de acordo com algumas considerações que ali são feitas às instituições e a pessoas, embora, sinceramente desconheça o assunto. Todos cometemos erros e até admito que isso possa ter acontecido, mas por aquilo que conheço de um dos elementos ali citados, não acredito em premeditações e perseguições em desfavor deste e em favor daquele. Reconheço que pouco se tem feito no apoio ao desenvolvimento do futebol feminino e também sei que a minha posição é cómoda, porque organizar selecções, perante todas estas dificuldades, torna-se relativamente fácil. Complicado é escolher e avançar por caminhos novos e atingir o sucesso. No entanto, neste momento complicado para algumas atletas, que sei irão ler este post, recomendo que além de encontrarem nova saída para competirem, se juntem a toda(o)s os que gostam do futebol feminino para discutir e eventualmente encontrarem alternativas à actual situação. Atletas, ex-atletas, dirigentes, técnica(o)s, têm de superar divergências e diferenças e unir-se em defesa daquilo que gostam de fazer. Se estão à espera que sejam os outros a fazê-lo, estou convicto que continuarão à espera por muito tempo.
Numa tarde de Maio de 1991, 18 jovens, cada um com uma placa na mão, com uma letra impressa, apresentaram-se no relvado do Estádio Nacional, no intervalo da Final da Taça de Portugal. Juntas as 18 letras, formou-se esta frase. Luís Figo, Rui Costa, João V.Pinto, Jorge Costa, Rui Bento, Brassard, Peixe, entre outros, eram os jogadores que formavam esse grupo. Semanas depois, em Lisboa, mas no Estádio da Luz, perante 127.000 espectadores, tornaram-se Campeões do Mundo Sub/20.
sábado, agosto 01, 2009
Odivelas - futebol feminino
Em 1984, tive a felicidade de integrar um grupo de pessoas que propôs alterações significativas no futebol jovem. Foi um caminho duro, com muito combate de ideias e sobretudo muita intervenção aos mais variados níveis, e em caso algum, nunca pensando que seriam os outros a resolver os nossos assuntos. Fomos nós que agarrámos o futuro com as nossas mãos. Valeu a pena. É esse o caminho alternativo que proponho, discussão, unidade, inovação, trabalho, com um único objectivo, o desenvolvimento do futebol feminino, feito sobretudo por quem a ele se encontra ligado.
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Ainda que compreenda a racionalidade do seu comentário, é-me difícil partilhá-la, tendo em conta que a situação me afecta directamente. Ainda assim, devo dizer que acho que tem toda a razão na base do seu raciocínio: se ficarmos à espera que os outros façam... nunca mais se há-de fazer alguma coisa.
ResponderEliminarNo entanto, também me parece que falar é fácil, mas fazer é bem mais complicado. Isso mesmo descobri(mos) na última semana, ao tentar arranjar ajuda, tanto na FPF como noutros sítios. Não tenho nada especialmente contra ou a favor da FPF, apesar de não me agradar - evidentemente - o constante desinteresse que a entidade revela pelo futebol feminino. E quando as coisas começam a mudar (vide reestruturação dos quadros competitivos) parece que afinal está tudo na mesma. Acabam as equipas (não apenas a do Odivelas, mas também a do Beira-Mar Almada, que na época passada conquistou o 3.º lugar da I Divisão) e ninguém parece importar-se especialmente com isso. As jogadoras vão-se embora e ninguém parece importar-se com isso. E isso vamos andando, os outros a 120 e nós a 30. Vai-se fazendo os mínimos para o pessoal não chatear muito e pronto. Nós gostávamos muito de fazer e acontecer, mas quando as coisas não estão nas nossas mãos... como resolver? Se ganhasse o Euromilhões, livrava a FPF do seu fardo, mas como ainda não consegui...
Não me leve a mal, mas a amargura agora sobrepõe-se ao resto.
Como vê até no meu post e no seu comentário existem pontos de convergência, apesar de algumas divergências. O que eu faria se tivesse disponibilidade para tratar do feminino e de facto não tenho, era procurar os fios condutores que unissem todos os que querem mudar. Se pensa que em 1984 quando iniciámos a luta para mudar o futebol júnior não havia obstáculos, está enganada. Lutas tremendas foram desenvolvidas, existiram situações de ruptura e até amizades se perderam. Mas conseguiu-se. Por isso, compreendendo a actual situação, o primeiro passo chama-se unidade. Sem isso nada será possível. E como já percebi, embora não conhecendo a maioria dos intervenientes, parece-me que cada um(a) fala para si e para o seu grupo de amigo(a)s, desviando-se do essencial. Peço desculpa se estiver errado. Cumprimentos.
ResponderEliminarNovamente, concordo e discordo. Discordo no que diz sobre os intervenientes (mas é natural que desconheça isto), visto que assim que se soube das nossas dificuldades, Albergaria, 1.º Dezembro, CPMartim, Cadima, entre outras pessoas individuais ligadas ao futebol feminino, prestaram-se imediatamente a ajudar, havendo até quem sugerisse medidas drásticas, como boicotes. Isto para dizer que as pessoas já dentro do mundo do futebol feminino estão disponíveis para se ajudarem e debaterem entre elas. Agora, acho é que o pensamento geral em relação à FPF é de indiferença, pois também é isso que sentimos da entidade. Daí que concorde que esses fios condutores deviam ser procurados e unidos, mas haverá alguém disponível para o fazer? Já há umas boas semanas, em conversa com jogadoras de outras equipas, questionamo-nos sobre quem "manda" no futebol feminino na FPF. Isto porque gostaríamos de ajudar a concretizar ideias e sugerir outras, mas não sabíamos muito bem como fazê-lo. E depois as coisas vão passando...
ResponderEliminarIsto também é só uma opinião, Carlos, sou apenas uma miúda no meio do peixe graúdo, portanto admito que possa estar a equivocar-me no que digo.