sábado, agosto 01, 2009

Odivelas - futebol feminino

Recebi um link acerca do final do futebol feminino no Odivelas. Compreendi a amargura, a revolta e a ansiedade de quem o escreveu, porventura reflectindo os sentimentos do grupo de jogadoras que integravam aquele clube, e que sem o esperar, ficaram sem possibilidades de competir, e, pior, com as suas expectativas como atletas completamente defraudadas. Não estou de acordo com algumas considerações que ali são feitas às instituições e a pessoas, embora, sinceramente desconheça o assunto. Todos cometemos erros e até admito que isso possa ter acontecido, mas por aquilo que conheço de um dos elementos ali citados, não acredito em premeditações e perseguições em desfavor deste e em favor daquele. Reconheço que pouco se tem feito no apoio ao desenvolvimento do futebol feminino e também sei que a minha posição é cómoda, porque organizar selecções, perante todas estas dificuldades, torna-se relativamente fácil. Complicado é escolher e avançar por caminhos novos e atingir o sucesso. No entanto, neste momento complicado para algumas atletas, que sei irão ler este post, recomendo que além de encontrarem nova saída para competirem, se juntem a toda(o)s os que gostam do futebol feminino para discutir e eventualmente encontrarem alternativas à actual situação. Atletas, ex-atletas, dirigentes, técnica(o)s, têm de superar divergências e diferenças e unir-se em defesa daquilo que gostam de fazer. Se estão à espera que sejam os outros a fazê-lo, estou convicto que continuarão à espera por muito tempo.

Em 1984, tive a felicidade de integrar um grupo de pessoas que propôs alterações significativas no futebol jovem. Foi um caminho duro, com muito combate de ideias e sobretudo muita intervenção aos mais variados níveis, e em caso algum, nunca pensando que seriam os outros a resolver os nossos assuntos. Fomos nós que agarrámos o futuro com as nossas mãos. Valeu a pena. É esse o caminho alternativo que proponho, discussão, unidade, inovação, trabalho, com um único objectivo, o desenvolvimento do futebol feminino, feito sobretudo por quem a ele se encontra ligado.

3 comentários:

  1. Ainda que compreenda a racionalidade do seu comentário, é-me difícil partilhá-la, tendo em conta que a situação me afecta directamente. Ainda assim, devo dizer que acho que tem toda a razão na base do seu raciocínio: se ficarmos à espera que os outros façam... nunca mais se há-de fazer alguma coisa.

    No entanto, também me parece que falar é fácil, mas fazer é bem mais complicado. Isso mesmo descobri(mos) na última semana, ao tentar arranjar ajuda, tanto na FPF como noutros sítios. Não tenho nada especialmente contra ou a favor da FPF, apesar de não me agradar - evidentemente - o constante desinteresse que a entidade revela pelo futebol feminino. E quando as coisas começam a mudar (vide reestruturação dos quadros competitivos) parece que afinal está tudo na mesma. Acabam as equipas (não apenas a do Odivelas, mas também a do Beira-Mar Almada, que na época passada conquistou o 3.º lugar da I Divisão) e ninguém parece importar-se especialmente com isso. As jogadoras vão-se embora e ninguém parece importar-se com isso. E isso vamos andando, os outros a 120 e nós a 30. Vai-se fazendo os mínimos para o pessoal não chatear muito e pronto. Nós gostávamos muito de fazer e acontecer, mas quando as coisas não estão nas nossas mãos... como resolver? Se ganhasse o Euromilhões, livrava a FPF do seu fardo, mas como ainda não consegui...

    Não me leve a mal, mas a amargura agora sobrepõe-se ao resto.

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  2. Como vê até no meu post e no seu comentário existem pontos de convergência, apesar de algumas divergências. O que eu faria se tivesse disponibilidade para tratar do feminino e de facto não tenho, era procurar os fios condutores que unissem todos os que querem mudar. Se pensa que em 1984 quando iniciámos a luta para mudar o futebol júnior não havia obstáculos, está enganada. Lutas tremendas foram desenvolvidas, existiram situações de ruptura e até amizades se perderam. Mas conseguiu-se. Por isso, compreendendo a actual situação, o primeiro passo chama-se unidade. Sem isso nada será possível. E como já percebi, embora não conhecendo a maioria dos intervenientes, parece-me que cada um(a) fala para si e para o seu grupo de amigo(a)s, desviando-se do essencial. Peço desculpa se estiver errado. Cumprimentos.

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  3. Novamente, concordo e discordo. Discordo no que diz sobre os intervenientes (mas é natural que desconheça isto), visto que assim que se soube das nossas dificuldades, Albergaria, 1.º Dezembro, CPMartim, Cadima, entre outras pessoas individuais ligadas ao futebol feminino, prestaram-se imediatamente a ajudar, havendo até quem sugerisse medidas drásticas, como boicotes. Isto para dizer que as pessoas já dentro do mundo do futebol feminino estão disponíveis para se ajudarem e debaterem entre elas. Agora, acho é que o pensamento geral em relação à FPF é de indiferença, pois também é isso que sentimos da entidade. Daí que concorde que esses fios condutores deviam ser procurados e unidos, mas haverá alguém disponível para o fazer? Já há umas boas semanas, em conversa com jogadoras de outras equipas, questionamo-nos sobre quem "manda" no futebol feminino na FPF. Isto porque gostaríamos de ajudar a concretizar ideias e sugerir outras, mas não sabíamos muito bem como fazê-lo. E depois as coisas vão passando...
    Isto também é só uma opinião, Carlos, sou apenas uma miúda no meio do peixe graúdo, portanto admito que possa estar a equivocar-me no que digo.

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