De regresso

Hoje pelas 20.00 horas sairemos de Joanesburgo em direcção a Lisboa. Para trás ficam quarenta e nove dias de trabalho em conjunto desde o início na Covilhã e alguns meses de planeamento que antecederam esta prova. De Magaliesburg, da Bekker High School, de Mogale City, de Valley Lodge, já sentimos saudades. Pessoas sérias e amigas proporcionaram-nos momentos muito agradáveis que jamais esqueceremos, para o Jimmy, Kobie, Mike Simpson, Sipho, para os empregados do hotel, para os voluntários do campo de treinos e do centro de imprensa, para os polícias, militares e motoristas que nos acompanharam desde a primeira hora, para os pilotos da South Africa Express, José Araújo e Paulo Martins que se despediram comovidos nesta última viagem de Capetown a Lanseria, para o Paulo Marques, responsável pelos transportes, para o Luís Magalhães, nosso TLO, e para tantos outros que conviveram connosco dias e dias a fio, o nosso muito obrigado, e até um dia destes. Por mim, levo a África do Sul e esta região em particular, no meu coração. Estou convicto, que muitos de nós sentirão o mesmo que eu.

Sem dramatismos

Como muito bem disse António Boronha no seu blog. Perder com a Espanha pela diferença mínima, hoje, analisando mais a frio, acaba por reflectir uma situação perfeitamente normal entre os dois países. Podíamos ter ganho? Claro que sim. Mas perder perante um adversário deste gabarito não é desesperante. A Espanha, com experiência, rotinas adquiridas, valores individuais excelentes, com um mais vasto leque de opções, foi um vencedor justo, num jogo que sem ser belo e extraordinário, foi disputado quase sempre com correcção e entusiasmo pelas duas equipas. Encontrar fantasmas e inventar histórias, a nada leva. Convém lembrar que estivemos juntos com os melhores e que importa manter esse estatuto, nos mundiais e nos europeus. Para um futebol estruturalmente pobre, para um País com tremendas dificuldades, estar sempre, de dois em dois anos, nestes grupos restrictos dos mais fortes, é o caminho a seguir. É evidente que será importante manter viva a discussão sobre o nosso futebol, procurar soluções para nascerem mais e melhores jogadores, situar a FPF nesse envolvimento colectivo que passa necessariamente pelos clubes, e definir objectivos concretos para as selecções nacionais a curto e a médio prazo. Terminou a nossa participação no mundial e ao longo dos próximos dias muitas coisas se irão dizer e projectar, contra e a favor, deste ou daquele, mas nunca nos poderemos esquecer que perdemos com a Espanha, campeã da Europa em título. Não perdemos com Marrocos nem com a Coreia, não houve Saltillo, nem Macau, houve sim uma equipa que ontem nos foi superior. Somente.

Final

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Caiu o pano sobre a nossa participação no Mundial 2010. Para tempos mais próximos a análise fria ao percurso efectuado, aos erros, às notas positivas e negativas, às conquistas. É de tudo isso que se faz uma participação numa competição tão intensa e mediática como esta. Depois a preparação das novas batalhas que se avizinham já em Setembro, com o Euro 2012 aí ao virar da esquina. Sem pretender desculpar o que quer que seja, este Mundial 2010, teve para Portugal um certo sabor a pouco, muito por culpa de um sorteio pouco feliz que nos levou a jogar com as duas melhores equipas do mundo, o Brasil e a Espanha. O grau de dificuldade foi bem alto, alto demais para quatro jogos. Mas foi este o destino e já nada podemos fazer para o alterar. Quanto ao jogo com a Espanha sabia-se que quem obtivesse um golo ganharia. Assim aconteceu, mais felizes os espanhóis, numa jogada irregular, marcaram um golo e subiram imediatamente de produção, galvanizados pela perspectiva de vitória, mostrando uma atitude organizativa que ainda não tinham tido nesta prova. A Espanha, diga-se em abono da verdade, tem uma excelente equipa, recheada de valores de enorme qualidade. Perder com esta equipa não é indigno. Uma última referência para os nossos jogadores que se bateram dignamente sem qualquer temor, quer com o Brasil, quer com a Espanha com destaque especial para os mais jovens e estreantes num mundial, Eduardo e Fábio Coentrão, dois valores de futuro e que terão conquistado esse futuro, aqui na África do Sul, com exibições cheias de classe. Para os consagrados que se mantêm, ainda há muito para conquistar, para os que eventualmente venham a sair, como acontece sempre no final destas competições, um até sempre e obrigado.

Fazer história

Chegar aos oitavos de final de um mundial, será sempre um resultado importante para qualquer equipa. A história da Selecção Nacional, infelizmente, mais acentua esse facto. Das presenças anteriores em mundiais, por duas vezes fomos mais longe, por duas vezes ficámos na primeira fase. Em 1966 foi um momento diferente dado que só estavam presentes somente 16 equipas, mas mesmo assim continua a ser esse o nosso melhor resultado. Em 2010 temos nova oportunidade para fazermos história e desempatar favoravelmente os nossos percursos anteriores. É necessário por isso, daqui a pouco, vencer a Espanha. Vai ser difícil para ambas as selecções, dada a qualidade equilibrada dos valores individuais. No entanto estou certo que a nossa ambição, o querer e a determinação vão ser os factores que nos permitirão seguir em frente na competição. Tenhamos também um pouco de sorte que é sempre um motivo não quantificável que pesa bastante. Vamos a isso rapazes!

Sem palavras

Portugal/Espanha

No início das actividades da Selecção Nacional a larga maioria dos jogos realizavam-se contra a Espanha. As dificuldades de transportes eram grandes e optava-se por jogar com os nossos vizinhos. Com o decorrer dos tempos foram acontecendo cada vez menos jogos entre o nosso país e Espanha. Ultimamente têm sido mesmo muito esporádicos os confrontos entre os dois países. Portugal defrontou a Espanha em 35 jogos, nos quais obteve 7 vitórias, 12 empates e 16 derrotas. O último encontro teve lugar em 2004, no durante a fase de grupos do Euro e realizou-se no Estádio de Alvalade. O resultado foi-nos favorável por 1/0, com golo de Nuno Gomes, e deu lugar à eliminação dos espanhóis. Que tudo se mantenha como então é o meu, nosso, desejo!

Ranking FIFA

Quis o destino que Portugal viesse a enfrentar os 1º e 2º classificados do ranking FIFA. Se analisarmos todos os jogos dos outros grupos e os apurados para os oitavos de final, verificaremos que a Selecção Nacional será a equipa que terá o maior grau de dificuldade nos adversários que defrontou e defrontará. Não é normal acontecer uma situação destas, própria tão só de um sorteio menos feliz. Mas é o que nos calhou em sorte e nada há a fazer. Por isso venham daí os espanhóis.

Erros

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No Alemanha/Inglaterra de ontem aconteceu mais um erro tremendo da equipa de arbitragem ao não considerar um golo limpo da Inglaterra. A bola bateu na barra e entrou na baliza cerca de meio metro. Tenho dúvidas, dada a sua posição, que o árbitro assistente pudesse ter visto o lance. Menos razões terá o árbitro que se econtrava perto da área. No entanto bastava um monitor de TV junto do 4º árbitro para que esse lance tivesse sido considerado e o golo validado. Talvez agora os representantes ingleses e britânicos no International Board percebam a importância de fazer algumas alterações nas leis do jogo e introduzir alguns meios tecnológicos nos jogos de futebol, pelo menos em competições cobertas pela TV na sua totalidade.

Vem aí a Espanha

Foto: Francisco Paraíso

Último treino em Bekker High School antes do jogo com a Espanha, realizado à porta fechada, seguido de uma conferência de imprensa com Simão Sabrosa. Após o almoço, descanso e preparação da partida para Capetown. Um dia tranquilo, sem grandes pressas, que o cansaço vai deixando marcas. Á mesa, diversas reflexões sobre o jogo de terça-feira e à tarde, antes da partida, observação do jogo Alemanha/Inglaterra. Finalmente partida para Capetown onde chegámos perto das 21.45 horas, cerca de três horas e meia depois de sairmos de Magaliesburg. Desta vez, no CRJ 700, só esteve presente o 2º piloto Paulo Martins, dado que o Comandante era sul-africano. Viagem calma de cerca de uma hora e quarenta e cinco minutos, com bom tempo à chegada.

Alegria

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O Mundial é um espectáculo de cor, movimento e alegria. Esta foto reflecte isso mesmo.

Puberdade

"Todos Somos Portugal", atingiu a puberdade com os 100.000 visitantes. Duma tentativa de blog, passou a blogsinho e agora cresceu. Nem sei como me vou safar desta! Nunca pensei chegar a este ponto e a este envolvimento. Bom, terei de continuar, com a ajuda de alguns amigos que vão lendo e contribuindo com algumas, infelizmente poucas, entradas. Esse vai ser o próximo desafio, tentar que mais pessoas escrevam e coloquem aqui as suas ideias, mesmo que eventualmente não coincidam com as minhas. Obrigado a todos os que leram, comentaram e escreveram. Já agora e o mais importante, vamos lá Portugal!

Nova coincidência

Depois de ontem à noite ter escrito a entrada anterior, tomei conhecimento que a FIFA indicou o árbitro para o nosso jogo com a Espanha e inesperadamente surgiu uma nova coincidência, com a nomeação de Hector Baldassi, da Argentina. Realmente é fantástico como neste mundo do futebol estas coisas acontecem.

Actualização às 12.35h: Esqueci-me de referir que Hector Baldassi foi o árbitro do Suiça/Honduras, jogo que tinha relação directa com a qualificação da Espanha, Suiça ou Chile.

Não percebo

Foto: Francisco Paraíso

Há factos que dificilmente entenderei neste tipo de competições. Presumo que deve ser pura e simples coincidência que nos três jogos efectuados por Portugal, na fase de grupos, os respectivos árbitros fossem de três países de língua castelhana, quando se sabia antecipadamente que Portugal estaria no cruzamento dos oitavos de final, com o Chile ou com a Espanha. Como também deve ter sido por mero acaso que nos jogos Portugal/Brasil e Chile/Espanha, ambos os árbitros fossem mexicanos. Curioso ainda o facto de termos sete jogadores amarelados, e a Espanha, também em três jogos, não ter um único amarelo! Notável. Não deveria haver um pouco mais de cuidado na escolha das equipas de arbitragem e a existência de alguns condicionamentos na sua nomeação? Mas infelizmente há tanta coisa no mundo do futebol que não percebo e que nunca perceberei, que coincidências deste tipo já não estranho.

Humor e contradições inglesas

"A FIFA declarou que o adepto que entrou no balneário de Inglaterra em Capetown não quebrou nenhuma regra de segurança, mas foi mandado entrar por Rob Green". Em alusão ao golo sofrido por Green no primeiro jogo da Inglaterra.

"Eu não cometi nenhum erro e não estou preocupado com o futuro", disse Capello em 15 de Junho.

Na passada terça-feira, Capello disse: "É possível que tenha cometido alguns erros. É possível"

Notável

Um suplemento em língua portuguesa do diário "The Mercury", traduziu mais uma vez a importância deste jogo. Um acontecimento que ultrapassou em muito o próprio futebol.

De regresso a "casa"

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Depois do jogo em Durban, viagem rápida de 55 minutos no CRJ700 dirigido pelos portugueses José Araújo e Paulo Martins e regresso "a casa", em Valley Lodge. Hoje, sábado, treino pelas 15.00 horas e recuperação. Amanhã de manhã novo treino e de novo em viagem, pelas 19.00 horas, para Capetwon. Hoje segue já uma equipa avançada e um camião com os equipamentos. Nem dá para respirar!

Troca de galhardetes

Pelé: "Maradona só está a treinar a Argentina porque precisa de dinheiro"

Maradona: "Volta para o museu", a propósito de Pelé

Dois antigos grandes jogadores, provavelmente os dois melhores de sempre, continuamente envolvidos numa guerrilha verbal sem nexo. O dom com que nasceram para jogar futebol não foi extensivo a outras áreas das suas vidas.

Durban

Em Durban para o último jogo da fase de grupos. Portugal/Brasil de todas as paixões. 68.000 pessoas no estádio, 150 fotógrafos no relvado, mais de 500 jornalistas na bancada. O jogo mais aguardado nesta belíssima cidade. A maior audiência mundial de todos os jogos da 1ª fase. Um espectáculo à parte do mundial.

A casa con vergogna

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Foi com este título que a Gazzetta dello Sport se referiu à derrota dos italianos com a Eslováquia. A Itália dos meus amigos Sabrina Filacchione, Mauro Vladovich, da Annarita e de tantos outros mais, ficou em último lugar do seu grupo, atrás da Nova Zelândia. A Itália, campeã do mundo em 2006, foi para casa. Será sempre uma pena para um campeonato do mundo que equipas deste calibre não passem da 1ª fase, sobretudo quando se sabe que têm qualidade, um pouco adormecida, mas sempre qualidade. Juntou-se assim à França, à Dinamarca, à Grécia e à Eslovénia. A vida não está fácil para os europeus.

Ouvidos

Muito se tem escrito e falado sobre as vuvuzelas, mas o que aconteceu neste jogo Portugal/Coreia do Norte, ultrapassou o habitual. As claques organizaram-se e tocaram todas em simultâneo produzindo um som, que junto do terreno de jogo, era de tal intensidade que se aproximou do limiar da dor. Acho absolutamente incrível esta decisão da FIFA. Mas disseram-me que na própria loja desta entidade as vuvuzelas estão à venda. Já nada me espanta.

Fernando Pessoa

Tão grande como Camões, Fernando Pessoa é um poeta de referência na nossa literatura. A propósito do Mundial de 2010 tem-se dito e escrito que nasceu em Durban o que é incorrecto. Pessoa nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1988 e viveu dos sete aos dezassete anos em Durban, cidade onde jogaremos com o Brasil amanhã.

13 de junho de 1888 - Nasce em Lisboa, às 3 horas da tarde, Fernando António Nogueira Pessoa.
1896 - Parte para Durban, na África do Sul.
1905 - Regressa a Lisboa
1906 - Matricula-se no Curso Superior de Letras, em Lisboa
1907 - Abandona o curso.
1914 - Surge o mestre Alberto Caeiro. Fernando Pessoa passa a escrever poemas dos três heterónimos.
1915 - Primeiro número da Revista "Orfeu". Pessoa "mata" Alberto Caeiro.
1916 - Seu amigo Mário de Sá-Carneiro suicida-se.
1924 - Surge a Revista "Atena", dirigida por Fernando Pessoa e Ruy Vaz.
1926 - Fernando Pessoa requere patente de invenção de um Anuário Indicador Sintético, por Nomes e Outras Classificações, Consultável em Qualquer Língua. Dirige, com seu cunhado, a Revista de Comércio e Contabilidade.
1927 - Passa a colaborar com a Revista "Presença".
1934 - Aparece "Mensagem", seu único livro publicado.
30 de novembro de 1935 - Morre em Lisboa, aos 47 anos.

Bafana, Bafana

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"Now...well, we still love Bafana, they tried. We do not turn on them, and sneer, and blame, and denounce. We say thanks for trying, boys, and thanks too, to you, Carlos Alberto, and now kindly get back to the training field and trying again. Yes, we must analyse our performances in this tournament, bu let´s also look forward. We now know we can beat the best. Let´s set our sights on the Africa Cup of Nations 2012. And who knows, perhaps, in 2014 the World Cup will have a first-time winner from the southern tip of Africa. But if not, 2018 will also happen, and 2022, and our team will keep on trying for us, and we will keep on supporting them."

Parte do editorial de ontem do "The Star", com o título "Our big victory". Mesmo perdendo a qualificação para a 2ª fase, não se perdeu a dignidade e a compostura. Exemplo para muitos. Parabéns, Bafana Bafana. Parabéns, África do Sul.

José Saramago

Foto: Francisco Paraíso

Saramago, independentemente das suas convicções políticas, que pouco me interessam, era um português como qualquer um de nós, que como disse numa entrada anterior, atingiu um patamar de valor e prestígio superior às pessoas comuns. Citando mais uma vez os Lusíadas "E aqueles que por obras valerosas, da lei da morte se vão libertando", Saramago há-de continuar vivo através da sua obra. Aqueles que não comungam destes princípios têm o direito de o dizer, mas deveriam pelo menos respeitar o trajecto literário e cultural que ultrapassou em muito o nosso espaço. Tenho é a certeza de uma coisa, dados os comentários do "L'Osservatore Romano", se Saramago tivesse vivido no tempo da Inquisição. tinha acabado na fogueira. A Selecção Nacional prestou-lhe uma singela homenagem.

Selecção Feminina

Hoje, pelas 18.00 horas, a Selecção Feminina joga no Cartaxo, com a Eslovénia, mais um jogo de qualificação para o Mundial 2011. Espera-se e deseja-se uma vitória, as jogadoras e a seleccionadora merecem-no porr tudo o que fazem em prol do futebol feminino. O futebol é muito mais do que acontece por aqui na África do Sul. E esse futebol no feminino merece ser apoiado.

Sentir Portugal

Boa tarde,

Escrevo-lhe ainda não terminou o jogo. Neste momento estamos a vencer por 4-0, o que é fantástico e que muito me orgulha.

Não me interessam as polémicas porque essas vão existir sempre, mas sim para lhe relatar algo que nunca tinha assistido e que é reflexo do quanto alguns de nós esperamos e desejamos que a selecção nacional obtenha: sucesso e que chegue longe.

Como sabe, trabalho num instituição hospitalar há alguns anos e já aqui vivi as peripécias das fases finais desde o Europeu de 2000 perto de outros profissionais e utentes. E, este ano, pela primeira vez, vi a ansiedade das pessoas após o 1º jogo. O ar e semblante carregado após o apito final é uma imagem que ficou. As críticas, inevitáveis de todos nós, que somos excelentes treinadores de bancada, permita-me a expressão, e o desânimo estavam no pico.

Hoje, ao caminhar por uma unidade de cuidados intensivos observei algo que me deixou a sorrir e a confirmara força que o futebol tem nas pessoas em geral. Os utentes (não gosto da palavra doente pois nem todos que estão nas UCI são doentes) que apresentam níveis de vigília suficientes para perceber o que se passa e os profissionais de saúde, desde o assistente operacional ao coordenador da unidade, todos tinham um sorriso na cara. Esses mesmos utentes (alguns com sequelas graves de acidentes - politraumatizados), por momentos, esquecem-se da reviravolta que deu a vida devido a um infortúnio, de estar no local e hora errada, com o mesmo pensamento: que Portugal ganhe e siga em frente.

Pouco me importam os "velhos do restelo", com a língua aguçada e afiada para criticar. Eu própria critico pois com o valor desta selecção, a expectativa é enorme, não adianta dizer que não. Mas isto não é relevante. O relevante mesmo deste relato é que na verdade o futebol e a nossa selecção permitem observar comportamentos, reacções, atitudes e posturas que em mais nenhuma circunstância seria possível observar. Especialmente, o sorriso de quem pouco ou nada terá de motivos para sorrir.

Sexta feira vou voltar a passar por esta unidade, acredite. Independentemente do resultado, sei que todas as televisões vão estar, novamente, ligadas. E, novamente, não irei ver o jogo mas basta olhar para os rostos dos utentes e dos profissionais de saúde e perceber que Portugal está a jogar!

Agora que termino, Portugal já ganha por 7-0...

Deixo-lhe votos de felicitações e continuação de boa sorte para a restante caminhada!

Não resisti a publicar este e-mail que me chegou após o jogo com a Coreia do Norte. Espero que a Maria João Xavier não leve a mal esta ousadia mas o seu conteúdo merece divulgação. Ter sentimentos é próprio dos fortes, não dos fracos.

Vuvuzela

Não sei se é possível ver, dada a sua reduzida dimensão, este magnífico cartoon publicado no Star Saturday, onde se vê o mais célebre adepto sul-africano fazendo hara-kiri com a...vuvuzela. Cheios de espírito e humor estes sul-africanos.

Da lei da morte libertando

Foto: Francisco Paraíso

“E aqueles que por obras valerosas”, ou seja, todos os que são dignos de serem recordados pelos feitos heróicos cometidos em favor da pátria e que por isso nem mesmo a morte os pode votar ao esquecimento, “Se vão da lei da Morte libertando”, pois foram imortalizados.

Para tal compara os feitos dos Portugueses aos de Ulisses, herói da Odisseia de Homero e aos de Eneias, o troiano que, na Eneida de Virgílio, chegou ao Lácio e fundou Roma.

Foi usando os Lusíadas, de Camões, que se escreveu a fita da coroa de flores deixada junto à estátua de Bartolomeu Dias. Talvez Bartolomeu Dias e os outros navegadores tenham iluminado os nossos atletas.

Coreia do Norte

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O dia acordou risonho mas em breve se tornou molhado. Milhares de portugueses convergiram para o Estádio Green Point como se tratasse de uma romaria como tantas existentes no nosso País. Muito vermelho e verde por todo o lado. O recinto estava cheio e a chuva caía incessantemente como se algo de mágico estivesse para acontecer. Já tinha vivido momentos destes, mas nunca numa dimensão destas à escala mundial. E do nada, surgiu o esforço, a vontade, o querer, a determinação e finalmente a magia. Afinal sempre havia uma equipa, jogadores, técnicos, dirigentes. De bestas a bestiais, como sempre. É a lei do futebol. Toca a continuar. O resto é paisagem.

1966 em 2010

António Simões e Eusébio dois dos heróis de Inglaterra em 1996, vivendo o 2010. Aproxima-se a Coreia do Norte e eles conhecem-nos bem.

Bartolomeu Dias

Quando visitei a primeira vez Capetown estive junto da estátua de Bartolomeu Dias e do Padrão dos Descobrimentos, colocado em sua honra, no Cabo da Boa Esperança. Esse foi o primeiro comandante português que pisou estas terras longínquas. Ontem homenageámos singelamente esse e os outros navegadores portugueses, colocando uma coroa de flores junto da sua estátua.

Nova Zelândia

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Não se trata de râguebi, nem são os All Blacks, é de futebol que se trata e chamam-se os All Whites, mas o país é o mesmo, a Nova Zelândia, autora da grande proeza do dia no empate conseguido com a Itália. No mundo do futebol, a tradição já não é o que era!

"Saltillo" francês

Uma situação mais desconfortável para a Federação Francesa seria difícil de imaginar. Não queria estar na pele de qualquer elemento daquela delegação, nestes acontecimentos verdadeiramente inconcebíveis para uma estrutura tão profissionalizada e que ainda há pouco anos foi campeã do mundo e da europa. A que ponto podem chegar as relações entre as pessoas. Sei do que falo porque já passei por uma situação grave, na Coreia, em 2002, mas não com esta dimensão. Na pátria do Presidente da UEFA, de Zidane, dos vencedores da candidatura ao Euro 2016, seria impensável sonhar sequer que isto seria possível. Mas aconteceu. Está a acontecer. Espero sinceramente que não continue e que alguém consiga parar esta verdadeira catástrofe para o futebol francês.

Grupo

Fotos: Francisco Paraíso

Fotos do grupo de trabalho com os jogadores e ainda dos jogadores com os empregados de Valley Lodge. União e bom espírito de grupo impera na Selecção Nacional.

Surpresas

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Para quem estava à espera de um Mundial cheio de facilidades para as equipas europeias, alguns resultados têm demonstrado não só algum cansaço competitivo de jogadores de várias dessas equipas, mas também a aproximação da qualidade entre muitas delas e outras de outros continentes. Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha e França têm sentido bastantes dificuldades em defrontar equipas que teoricamente seriam mais fracas. Longe vão os tempos dos jogos em que era fácil antecipar os resultados. O exemplo mais claro será o empate de Inglaterra com a Argélia.

Selecção Nacional Feminina

A Selecção Nacional Feminina jogou ontem na Finlândia e perdeu por 4/1. Junto uma pequena história do jogo.

A Selecção Nacional Feminina “AA” defrontou a Finlândia em mais um jogo de qualificação para o Campeonato do Mundo 2011. Perdeu por 4-1, resultado que não revela a boa 1ª parte que realizou e a motivação das nossas jogadoras.

Aos 21 minutos podíamos estar a ganhar por 2-0. Não aproveitámos a falha das jogadoras num atraso falhado na zona defensiva. Edite poderia ter inaugurado o marcador mais cedo. Entrámos a vencer! Calámos os cerca de 1500 adeptos da Finlândia presentes no Estádio.

A Finlândia consegue empatar e quase a terminar a primeira parte, surge a marcação de uma grande penalidade duvidosa contra a equipa das Quinas.

Sofremos o 3º golo no início da 2ª parte, mas não baixámos os braços. Tal como muitas vezes acontece no futebol, não aproveitámos a oportunidade que surgiu para reduzirmos o marcador para 3-2 e, no contra-ataque, a Finlândia faz o 4-1 final.

Quebrámos fisicamente na 2ª parte. A Finlândia apresentou-se fisicamente mais forte. A estatística do jogo mostra-nos 4 golos em 5 remates da Finlândia, contra 1 golo em 4 remates de Portugal.

O ambiente é bom e as jogadoras continuam com motivação para corrigirem os erros de forma a alcançarem melhores resultados.

O jogo ficou ainda marcado pelo facto de duas jogadoras da Selecção Nacional terem atingido números míticos ao serviço da Selecção Nacional: Paula Cristina atingiu as 100 internacionalizações e Carla Couto igualou as 127 internacionalizações de Luís Figo. Já na próxima 4ª feira (23.06.2010), no jogo de qualificação frente à Eslovénia, no Estádio Municipal do Cartaxo, pelas 18h00, Carla Couto terá hipótese de alcançar as 128 internacionalizações, sendo a primeira jogadora a atingir tal feito.

Um crónica interessante de Ana Caetano.

Saramago

No nosso País existe alguma gente pequena e mesquinha. Incapazes de passarem a fronteira da sua própria rua, criticam quem mal conhecem e quem passou essa linha, não só da rua, mas também da cidade e do país, tornando-se cidadãos do mundo. Ainda há bem pouco tempo coloquei aqui uma entrada sobre "Caim", um dos livros, não sei se o último, de José Saramago. Obra polémica que adorei. Outros detestarão. É o sinal da vida e da liberdade. O que não se pode contestar é a universalidade da sua obra. Por isso, bem longe de Lisboa, só essa ausência me impede de o homenagear presencialmente. Fica aqui este meu registo e de mais alguns que pensam como eu.

Cidade do Cabo

A Cidade do Cabo é a cidade sul-africana mais relacionada com a nossa história. É aqui que se encontra uma estátua de Bartolomeu Dias, é próximo daqui que está o Cabo da Boa Esperança. Hoje por esta hora aterraremos na Cidade do Cabo e daremos início aos preparativos para o jogo com a Coreia do Norte. Que a aventura dos portugueses nos sec. XV e XVI sirva de inspiração a nossa equipa.

Zenani

Era a bisneta de Nelson Mandela e esteve connosco quando visitámos o grande líder africano, tendo escrito no seu diário o seguinte: "Ele veio visitar o meu bisavô hoje, dia do meu 13º aniversário, e nem sabia quem eu era". Zenani referia-se a Cristiano Ronaldo e disse ainda quanto orgulhosa estava de ter duas camisolas assinadas pelo nosso jogador, dizendo ainda que essas assinaturas e o beijo que Cristiano lhe deu, foram os seus melhores presentes de aniversário. Faleceu dias depois num acidente de automóvel. A vida é por vezes muito injusta.

Frio - 2 -

Tinha já preparado a anterior entrada sobre o frio, quando no jornal de ontem, The Star, a primeira página tinha este título:

-10,3º CAN YOU FEEL IT?

De facto este é o Junho mais frio da história da África do Sul. Inimaginável estar em África e sentir esta temperatura.

Frio

Em todas as reuniões que fizemos antes de vir para a África do Sul fui alertando sempre para as questões do inverno. Alguns ouviram, outros acharam os meus conselhos e alertas como exagerados. Hoje compreendem aquilo de que os avisava. Esta noite estiveram 5º negativos. Nunca em Lisboa me lembro de termos tais temperaturas. A vantagem é que durante o dia, o sol, sempre presente, faz aquecer e bem, pelo que se pode andar com uma pequena protecção. Vantagem de não haver nuvens e o vento ser quase raro. As notícias que vêm da Cidade do Cabo não são porém animadoras, chuva, vento e frio, é o que nos espera. Aguarda-se que as previsões falhem.

Foto do dia

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Para não se falar só de futebol e do Mundial, aqui está uma foto fantástica da Reuters publicada na Gazzetta dello Sport, onde se vê o britânico Mark Cavendish num momento de puro azar.

União

Foto: Francisco Paraíso

Portugal empatou com a Costa do Marfim e parece que entrámos em depressão. Num primeiro jogo do Mundial, com algumas estreias, numa competição desta envergadura, Portugal não jogou bem, mas também não perdeu. A qualificação está ao nosso alcance. Para alguns, felizmente poucos, talvez tivesse sido uma pequena decepção não termos perdido. A larga maioria, estou certo, estará triste por não termos ganho, mas não desesperada. Em 2004, perdemos o primeiro jogo e famos à final, em 1986 ganhámos o primeiro jogo com a Inglaterra e fomos eliminados na 1ª fase. Não há duas competições iguais. Tenhamos esperança nos nossos jogadores esperando a rectificação do resultado.

Vamos a isso, rapazes!

Foto: Francisco Paraíso

Diria Vitor Santos, grande jornalista do jornal "A Bola", se fosse vivo e tivesse oportunidade de estar na África do Sul a acompanhar a Selecção Nacional.

Os contras

Quando na entrada anterior falei dos contras, não falei obviamente de ninguém que esteja ligado à comunicação social e muito menos a algum jornal e particularmente à "A Bola". Se há jornais e opiniões que ainda me fazem lembrar os tempos desse jornalismo que falava é "A Bola" Falava isso sim de pessoas que fazem gala de estar contra só porque não gostam de A, B ou C. E falei dos contras porque algumas dessas opiniões vieram a partir de um programa com esse nome. Estou aberto e aceito qualquer crítica, mas estar contra por estar contra, não faz o meu estilo. Tenho este tipo de intervenção e tendo o direito de exprimir a minha opinião, não posso deixar de referenciar palavras e atitudes que considero injustas e negativas, para ser meigo na análise. Hoje a comunicação faz-se de muitas maneiras e não são só os órgãos oficiais que participam neste movimento de informação. Há quem não goste de blogs e de opiniões contrárias, paciência.

Os prós e os contras

Habituei-me a sentir e a gostar da Selecção Nacional era ainda bem miúdo. Na altura, o jornal "A Bola", era uma referência para os jovens que gostavam de futebol. Três vezes por semana o jornal entrava na minha casa comprado por mim. O meu pai lia o "República" e o "Diário de Lisboa", jornais de esquerda. Eu além desses, comprava e lia o desportivo. Muitos desses jornalistas eram também de esquerda, e as suas crónicas, cheias de qualidade, enchiam-me de vontade de um dia poder ver ao vivo esses jogos da "Equipa de Todos Nós". Longe estava sequer de sonhar que hoje estaria aqui e que Eusébio e Simões se sentariam ao meu lado na mesa de refeições. Fui "educado" por esses jornalistas a gostar sempre da nossa selecção. Hoje, aqui deste lado, mete-me muita confusão só de pensar que sobre esta equipa e este projecto, como do anterior e possivelmente do próximo, possam existir contras que só vivem para arrasar quem cá está. Um dia quando sair, ficarei sempre abatido e triste quando a Selecção Nacional perder ou jogar mal, mas em ocasião alguma estarei com os contras, só porque não gosto do Seleccionador, do Director, do Presidente ou dos Médicos, sejam eles quem forem. Que não gostem, que queiram cá estar no nosso lugar, admito, que façam gala pública disso, acho decepcionante.

Esclarecimento

Foto: Francisco Paraíso

Dado que um Director da FIFA produziu declarações em que afirmou ter a FPF consentido o uso da protecção no braço de Drogba, esclareço o seguinte:

1. No final da reunião preparatória do jogo, o Presidente da Federação da Costa do Marfim, apresentou ao Coordenador Geral do jogo, Stefano Pucci, um pedido para que um atleta da sua selecção pudesse utilizar uma protecção no braço;

2. O Coordenador Geral informou-o que só o árbitro poderia dar ou não o seu aval à utilização da referida protecção dado que é a autoridade máxima do jogo;

3. A delegação portuguesa que era composta por mim, pelo médico Dr. Henrique Jones, o Comissário da PSP, Marco Abreu e o responsável pela logística, Mário Pereira, solicitou que lhe fosse entregue a protecção para verificação do material de que era composta;

4. O Dr. Henrique Jones informou o Coordenador Geral que aquela protecção poderia representar um perigo para os atletas adversários, neste caso os nossos jogadores, dado que era composta por um material algo duro, conforme aliás se consegue perceber pela foto;

5. Foi reafirmado que a decisão final seria tomada pelo árbitro;

6. À chegada ao estádio, para o jogo, o Presidente da FPF, Dr. Gilberto Madaíl, e eu próprio, fomos falar com o Coordenador Geral para saber da decisão do árbitro e para manifestar a nossa preocupação pela utilização daquela protecção.

7. Stefano Pucci informou-nos que o árbitro tinha decidido aceitar a sua utilização pelo atleta Drogba. Face a essa decisão informámos que se houvesse qualquer problema durante o jogo que envolvesse esse atleta e algum dos nossos jogadores, a FPF responsabilizaria as entidades que deram o seu aval a esta situação;

8. Nunca a FPF deu o seu aval à utilização daquela protecção.

Estranho assim que um elemento credenciado da FIFA tenha produzido tais afirmações que não correspondem à verdade dos factos.

Preparando o jogo

Momentos de preparação para o jogo. Botas limpas, alinhadas, como se saissem de uma loja de artigos desportivos. Diversas marcas a que os jogadores estão contratualmente ligados, dão cor e movimento a uma ritual próprio de um balneário.

De regresso

De regresso a "casa", a Valley Lodge, num avião a jacto CRJ 700, dirigido pelo Comandante José Araújo e pelo seu co-piloto, Paulo Martins, os dois de naturalidade portuguesa. Viagem sem problemas com excepção da aterragem que foi adiada durante quinze minutos por problemas na pista de Lanseria. Saudações em português, com sotaque, levaram a duas salvas de palmas dos passageiros. Os portugueses nesta terra estão por todo o lado. Se não houver trocas de última hora será este avião, e estes tripulantes, que nos levará à Cidade do Cabo no próximo sábado. Depois do jantar, descanso e preparação dia de amanhã que é novamente de trabalho. Treino para os que não jogaram, recuperação para os que jogaram de início. Vem aí a Coreia do Norte.

Costa do Marfim/Portugal

Fotos: www.fifa.com

Para quem achava que eram favas contadas, aí está um resultado que premiou sobretudo a boa exibição defensiva dos marfinenses. Desde o início que se colocaram numa atitude de defesa esperando o nosso erro e explorando o contra-ataque. Nada que não esperássemos mas que dificultou bastante a nossa manobra ofensiva. Eriksson apostou numa estratégia matreira e muito bem executada, que nalguns momentos poderia ter dado resultados. Composta por alguns excelentes praticantes, a Costa do Marfim, com Drogba em condições, poderá ser uma equipa a ter em conta. Veremos como se comporta com o Brasil. Finalmente uma palavra para o árbitro que mostrou um cartão amarelo disparatado a Cristiano Ronaldo que além de ter sofrido uma falta dura ainda sofreu posteriormente um empurrão. Por ter protestado levou um amarelo. Bem simples. Também me pareceu que na jogada que veio a dar golo, já interrompida, não ter havido qualquer falta dos nossos jogadores. Finalmente uma palavra para a decisão controversa, e contra as leis, de ter permitido que Drogba jogasse com uma protecção no braço. De nada valeram as nossas objecções. Estranha-se que uma simples fita no pulso seja proibida e uma protecção de material duro tenha sido aprovada. Veremos se esta decisão se manterá no jogo com o Brasil.

Adeptos

Finalmente conseguimos encontrá-los. Foi aqui em Port Elisabeth que se juntaram a nós nalguns momentos de convívio. E disseram estas palavras simples e claras: "Se o objectivo não fosse o futebol não tinhamos chegado. Só o futebol nos abriu as portas das muitas dificuldades que encontrámos". Acredito.

O jogo

Neste preciso momento abandonamos o hotel para iniciar a deslocação para o estádio. Não foi um período fácil e pacífico aquele que antecedeu este jogo. Mas chegámos aqui e o que o interessa é o jogo. Vamos disputar o encontro num relvado que poderia e deveria estar em melhores condições, com condições meterológicas próprias desta zona, chuva e vento, mas que não estranhamos. A selecção vai equipar com o seu equipamento alternativo, branco/verde/branco e os guarda-redes de preto/preto/preto, ao contrário do que a FIFA tinha inicialmente decidido e que nos causou alguma perturbação. Num estádio bonito e com todas as condições, lá estaremos a lutar pelos três pontos que é o nosso objectivo.

Vuvuzela

Vuvuzela é uma palavra muito em voga por aqui na África do Sul. Sinceramente acho que é uma tremenda asneira permitir a entrada destes objectos, que podem ser de arremesso, mas que são seguramente extremamente irritantes para quem está dentro do campo. No último Portugal/Moçambique houve momentos de grande intensidade sonora que perturbou notoriamente os processos normais de jogo, em particular, a comunicação entre os diversos agentes do jogo. Se neste jogo, com 30.000 espectadores, o ruído incomodava bastante, estou para ver quando jogarmos com 70.000. Além disso, destruiu os habituais incitamentos dos adeptos porque nada mais se ouve do que os sons daquelas trombetas. Penso que deveria haver algum cuidado no tratamento deste assunto, mas não há dúvida que é muito perturbante. E não sou só eu que o digo, são essencialmente os jogadores.

Nani

Nani quer colocar um ponto final nas especulações, dúvidas e suspeitas “totalmente infundadas” em redor da lesão que o afastou do Mundial da África do Sul. É por este motivo que decidiu esclarecer a razão do seu desabafo, no momento em que regressava a Portugal. “Não me expliquei bem quando disse que estaria bom numa semana, após me perguntarem quanto tempo levaria a minha recuperação, e por isso lamento o embaraço que, inconscientemente, acabei por provocar”, começou por explicar à Gestifute Media. “Com o aglomerado de jornalistas e com o cansaço inerente à viagem que tinha acabado de fazer dei respostas sempre muito curtas e nessa em particular devia, realmente, ter-me explicado melhor: penso que estarei bom numa semana mas para fazer a minha vida normal do dia-a-dia, não para competir”, acrescentou.
O jogador português está preocupado com as interpretações dúbias que foram dadas e explica que este seu desabafo pode ser explicado “com o tremendo desejo de jogar e de ajudar a equipa”, como é o seu caso. “Quando um jogador se sente minimamente melhor, seja de que lesão for, acha sempre que já está bom, mesmo não estando, porque a ansiedade de recuperar depressa e de voltar a jogar é muita”, concretiza. “É o meu caso. A lesão está lá, na clavícula, por isso tive de deixar a selecção, mas como me sinto melhor, na minha cabeça acho que já não se passa nada”. A verdade é que o problema na clavícula não o impede de fazer a sua vida normal, mas impede-o, sim, de competir. “E isso é o que mais dói”, concluiu, desejando que todos coloquem um ponto final em todas as especulações em redor de um assunto que “está definitivamente encerrado”, tanto mais quanto, alerta, “todas as atenções devem agora estar totalmente concentradas em redor da selecção, do jogo com a Costa do Marfim e com a vitória” que está convencido vai ser alcançada por Portugal.

Este é o texto da declaração de Nani ao sítio da Gestifute esclarecendo as suas palavras à chegada a Lisboa. Espera-se e deseja-se que sirvam para terminar este assunto e as polémicas que se desenvolveram à sua volta. Nani é um jogador muito popular dentro da Selecção Nacional e a sua falta é sentida por todos nós. Esta é de facto a face mais triste da vida de um profissional de futebol, querer e não poder competir. Outras competições chegarão para provar a sua qualidade.

Indignação

Dada a quantidade de comentários abusivos, mal-educados, provocatórios, contra ou a favor da classe de jornalistas, que fui recebendo sobre esta entrada, decidi retirá-la para evitar mais confusões. De algo estou certo, não me arrependo de nada que escrevi.

Qualidade

www.fifa.com

Muito se tem escrito e falado sobre este Mundial, a maioria das vezes de uma forma depreciativa e bem negativa. Não tenho obviamente a mesma opinião e constato que apesar de problemas, que existem, foi e está a ser feito um esforço fantástico para que esta competição tenha qualidade. Há falhas de segurança? Há concerteza. Há falhas na qualidade de alguns centros de treino? Sei que há. Há um tráfego impossível? É uma realidade. Mas não haverá coisas boas? Há e muitas. Uma delas, as transmissões televisivas, ultrapassa em muito tudo o que se tem feito até hoje em termos de qualidade. São sul-africanos? Não sei, mas que é do melhor não há dúvida.

Boatos

A partida de Nani foi rodeada de boatos que atribuíam a sua dispensa a factos, inventados, sobre eventuais recusas a controlos anti-doping ou a discussões com o Seleccionador Nacional. As informações que a FPF divulgou sobre o assunto eram somente questões menores. A intervenção do Seleccionador Nacional sobre a dispensa do jogador não teve qualquer valor e foi colocada à margem. Havia que investigar e fizeram-no. Só a lesão do jogador não chegava. Era necessário ir mais longe e encontrar um oceano de nada. Recebi um recorte vindo de um jornal alemão com essas notícias infundadas que sairam de Portugal o que permite avaliar a extensão do boato. Para relembrar informo o seguinte para quem tem interesse sério sobre este tema:

1. Após a lesão, a Federação a que pertence o jogador, tem de solicitar a sua substituição ao Comité Médico da FIFA, juntando um relatório médico e os exames complementares radiológicos.

2. O Comité Médico da FIFA confirma a gravidade da lesão face aos exames médicos apresentados.

3. A FIFA solicita à respectiva Federação o envio do nome e dados pessoais do jogador que substituirá o atleta lesionado.

4. A FIFA confirma os dados do novo atleta e envia um grupo de pessoas - fotógrafo, operador de vídeo e membro do LOC - para fazer a acreditação do novo atleta.

Só no sábado teve lugar a acreditação do jogador Ruben Amorim.

Finalmente, ainda bem que vem aí o futebol.

De partida

De partida para Port Elisabeth, local do nosso jogo de amanhã. Já ontem partiram por camião as bagagens, e ainda uma comitiva avançada para preparar o local de estadia. O momento de tudo isto está a chegar, o jogo está aí à porta. E isso é que interessa, o resto é paisagem. Julguem-nos a todos pelos resultados finais, não por cenários intermédios.

Jogos

Foto: www.fifa.com

O Mundial começou, aparentemente sem problemas de maior, e os jogos têm tido qualidade, pelo menos ao nível do espectáculo, sem se verem equipas fechadas e a fazer anti-jogo. Não há dúvida que há aproximação competitiva entre todos os que até ao momento jogaram, o que a continuar, vai proporcionar uma competição emotiva e sem grandes favoritos antecipados. Vamos a ver se estes jogos serão só fogo de vista e se não irá acontecer o que sempre aconteceu. Os grandes, com tradição, a prosseguirem, e os que têm menos história a ficarem pelo caminho, como sempre. Uma palavra para a arbitragem que tem estado a um nível razoável e sem grandes problemas.

Quase um mês

Foto: Francisco Paraíso

Já vai quase para um mês que entrámos em estágio na Covilhã. Por isso torna-se necessário haver algumas actividades diferentes para que o cansaço e o stresse não se apodere de uma delegação tão grande. Fernando Pereira, conhecido cantor e animador, numa pausa de dois concertos em Joanesburgo, veio até ao hotel da selecção e durante uma hora cantou e encantou os presentes. Momento muito agradável para todos e para o próprio, que ficou surpreendido com o excelente acolhimento.