domingo, janeiro 31, 2010

Foot, ball

Só hoje tive oportunidade de ler o artigo de Ferreira Fernandes, no DN de 6ª feira. Pela sua clarividência merece a pena lê-lo na íntegra.

Portugal tem um défice público de futebol que até dói. Vão dizer-me: mas não é o que mais há? Debates a três, onde um só pensa verde, outro só discute azul e o terceiro só viu vermelho? Longas perorações do Steve Jobs dos pequeninos, fazendo campanha tecnológica pelas câmaras de vídeo no bico da grande área? Artigos doutos sobre o novo regime jurídico das federações? Audições de presidentes no âmbito da investigação (há sempre uma, várias investigações)? Filmes em túneis? Escutas em YouTube? Murros no balneário? Contratos? Transferências? Empréstimos? Direito comparado entre o caso Lisandro e o caso Aimar? Inscrições manhosas? Propostas pecuniárias ainda mais manhosas de um terceiro, citando um quarto, a jogadores de um clube secundário para darem mais ao litro contra um clube principal?... Sim, disso Portugal tem. E muito. Em Portugal chama-se futebol ao rapto jurídico que anula o mais talentoso jogador que por cá anda, Hulk. Em Portugal, contra esse crime põe-se o Rúben Micael a falar antes de começar a jogar, e também se chama a isso futebol. Em Portugal até as lipoaspirações acabam sendo futebol. Mas não é disso que Portugal precisa urgentemente. Ele precisa é de futebol etimologicamente. Foot, ball. Pé na bola. Tão-só.

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