Portugal tem um défice público de futebol que até dói. Vão dizer-me: mas não é o que mais há? Debates a três, onde um só pensa verde, outro só discute azul e o terceiro só viu vermelho? Longas perorações do Steve Jobs dos pequeninos, fazendo campanha tecnológica pelas câmaras de vídeo no bico da grande área? Artigos doutos sobre o novo regime jurídico das federações? Audições de presidentes no âmbito da investigação (há sempre uma, várias investigações)? Filmes em túneis? Escutas em YouTube? Murros no balneário? Contratos? Transferências? Empréstimos? Direito comparado entre o caso Lisandro e o caso Aimar? Inscrições manhosas? Propostas pecuniárias ainda mais manhosas de um terceiro, citando um quarto, a jogadores de um clube secundário para darem mais ao litro contra um clube principal?... Sim, disso Portugal tem. E muito. Em Portugal chama-se futebol ao rapto jurídico que anula o mais talentoso jogador que por cá anda, Hulk. Em Portugal, contra esse crime põe-se o Rúben Micael a falar antes de começar a jogar, e também se chama a isso futebol. Em Portugal até as lipoaspirações acabam sendo futebol. Mas não é disso que Portugal precisa urgentemente. Ele precisa é de futebol etimologicamente. Foot, ball. Pé na bola. Tão-só.
Numa tarde de Maio de 1991, 18 jovens, cada um com uma placa na mão, com uma letra impressa, apresentaram-se no relvado do Estádio Nacional, no intervalo da Final da Taça de Portugal. Juntas as 18 letras, formou-se esta frase. Luís Figo, Rui Costa, João V.Pinto, Jorge Costa, Rui Bento, Brassard, Peixe, entre outros, eram os jogadores que formavam esse grupo. Semanas depois, em Lisboa, mas no Estádio da Luz, perante 127.000 espectadores, tornaram-se Campeões do Mundo Sub/20.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Brilhante!
ResponderEliminar