Eu sei que muitos não gostam de Luiz Felipe Scolari e têm esse direito. Eu, como sabem, gosto, do técnico e da pessoa. E conheço-o bem por que trabalhei, colaborei, com o técnico brasileiro durante cinco anos. Ficámos amigos, mas não é por isso que faço esta entrada. Luiz Felipe Scolari deu uma entrevista ao http://www.fifa.com/ em que define as suas qualidades como treinador e sobretudo humanas. Recomendo a sua leitura completa para que se possa perceber melhor o seu pensamento e ideias.
E o que faltou para que isso acontecesse no Chelsea, seu trabalho que durou menos tempo?
Faltou a direção do clube entender que, naquele momento, eu precisava de mais suporte. A direção teve receio - e eu entendi na época e entendo até hoje - porque nós não tínhamos ganho nenhum clássico. Mas tínhamos ganho todos os outros jogos, que nos deixavam a dois ou três pontos da liderança. E ali havia situações com alguns jogadores importantes que geravam dúvidas sobre o ambiente. Isso porque eu havia tomado posições que outros técnicos não tomaram. Então, o ambiente não era de domínio total meu, porque eu sofria alguma resistência, principalmente de dois ou três jogadores que tentaram se impor de uma forma que não era correta. Só que a importância dada por mim a esses jogadores não havia sido dada antes. Quis que eles se recuperassem não apenas para o Chelsea, mas para o resto das suas carreiras. E os próprios jogadores não entenderam assim, porque queriam entrar em todos os jogos. Esse foi um dos problemas.
Os clubes europeus, quando contratam técnico sul-americano, têm dúvidas sobre como eles trabalham. Nós temos nosso estilo de treinamento, e claro que algumas adaptações são feitas, mas devem ser das duas partes: dos jogadores e do técnico. São culturas que vão se juntar. Então, eu cheguei com uma forma de trabalhar que não era identificada com o futebol inglês. Na América do Sul, nós trabalhamos muito com fundamentos. Quando temos a semana toda de treinos, por exemplo, fazemos coletivo entre titulares e reservas, e lá isso não é comum. Isso também ajudou a que eu não permanecesse. Mas eu continuei com meu trabalho e sei que alguns jogadores, com isso, evoluíram. Por exemplo, o Anelka, que nem era usado, não se tornou de um dia para outro o goleador do Chelsea. O Ashley Cole não usava o pé direito e depois fez até gol assim. O Kalou, que era um jogador só de velocidade e tinha dificuldade para o drible, aprendeu a driblar estaca. A estaca está fincada no chão? Ok, mas serviu para depois começar a driblar os adversários, coisa que hoje ele faz. O próprio Drogba, que tinha uma lesão grave no joelho, hoje está curado graças ao meu trabalho. Não só do departamento medico, mas o meu, porque não aceitei que ele jogasse com problemas e, por isso, tive até dificuldades de relacionamento. Mas, daqui a 20 ou 30 anos, quando dois ou três estiverem caminhando sem problemas, eles vão se lembrar de mim. E, se não se lembrarem, eu fico feliz mesmo assim, porque sei que essa é minha forma de agir. Eu tenho 62 anos e estou inteiro porque meus técnicos me preservaram. Nunca falei isso antes e não falo agora para justificar nada. Entendi que não ganhava os clássicos, que estávamos dois pontos atrás do líder e que havia alguns problemas de relacionamento. E pronto. Fiquei triste, porque queria permanecer e gostava. Acho o futebol inglês maravilhoso. Mas, tive que sair e saí.
Essa situação poderia ter sido diferente se não houvesse a barreira do idioma para superar?
Seria muito mais fácil para mim, porque usaria não apenas as palavras normais, mas outras que muitas vezes se usam num campo de futebol. São palavras um pouco mais fortes, e às vezes um jogador de futebol entende mais aquilo do que uma conversa de amigo. Seria diferente, sim. Você tem que procurar palavras, interrompe seu pensamento e muitas vezes não sai a coisa certa. Agora, se é em português, eu digo aquilo que tenho que dizer, ainda aumento um pouco mais e pronto.
E o que faltou para que isso acontecesse no Chelsea, seu trabalho que durou menos tempo?
Faltou a direção do clube entender que, naquele momento, eu precisava de mais suporte. A direção teve receio - e eu entendi na época e entendo até hoje - porque nós não tínhamos ganho nenhum clássico. Mas tínhamos ganho todos os outros jogos, que nos deixavam a dois ou três pontos da liderança. E ali havia situações com alguns jogadores importantes que geravam dúvidas sobre o ambiente. Isso porque eu havia tomado posições que outros técnicos não tomaram. Então, o ambiente não era de domínio total meu, porque eu sofria alguma resistência, principalmente de dois ou três jogadores que tentaram se impor de uma forma que não era correta. Só que a importância dada por mim a esses jogadores não havia sido dada antes. Quis que eles se recuperassem não apenas para o Chelsea, mas para o resto das suas carreiras. E os próprios jogadores não entenderam assim, porque queriam entrar em todos os jogos. Esse foi um dos problemas.
Os clubes europeus, quando contratam técnico sul-americano, têm dúvidas sobre como eles trabalham. Nós temos nosso estilo de treinamento, e claro que algumas adaptações são feitas, mas devem ser das duas partes: dos jogadores e do técnico. São culturas que vão se juntar. Então, eu cheguei com uma forma de trabalhar que não era identificada com o futebol inglês. Na América do Sul, nós trabalhamos muito com fundamentos. Quando temos a semana toda de treinos, por exemplo, fazemos coletivo entre titulares e reservas, e lá isso não é comum. Isso também ajudou a que eu não permanecesse. Mas eu continuei com meu trabalho e sei que alguns jogadores, com isso, evoluíram. Por exemplo, o Anelka, que nem era usado, não se tornou de um dia para outro o goleador do Chelsea. O Ashley Cole não usava o pé direito e depois fez até gol assim. O Kalou, que era um jogador só de velocidade e tinha dificuldade para o drible, aprendeu a driblar estaca. A estaca está fincada no chão? Ok, mas serviu para depois começar a driblar os adversários, coisa que hoje ele faz. O próprio Drogba, que tinha uma lesão grave no joelho, hoje está curado graças ao meu trabalho. Não só do departamento medico, mas o meu, porque não aceitei que ele jogasse com problemas e, por isso, tive até dificuldades de relacionamento. Mas, daqui a 20 ou 30 anos, quando dois ou três estiverem caminhando sem problemas, eles vão se lembrar de mim. E, se não se lembrarem, eu fico feliz mesmo assim, porque sei que essa é minha forma de agir. Eu tenho 62 anos e estou inteiro porque meus técnicos me preservaram. Nunca falei isso antes e não falo agora para justificar nada. Entendi que não ganhava os clássicos, que estávamos dois pontos atrás do líder e que havia alguns problemas de relacionamento. E pronto. Fiquei triste, porque queria permanecer e gostava. Acho o futebol inglês maravilhoso. Mas, tive que sair e saí.
Essa situação poderia ter sido diferente se não houvesse a barreira do idioma para superar?
Seria muito mais fácil para mim, porque usaria não apenas as palavras normais, mas outras que muitas vezes se usam num campo de futebol. São palavras um pouco mais fortes, e às vezes um jogador de futebol entende mais aquilo do que uma conversa de amigo. Seria diferente, sim. Você tem que procurar palavras, interrompe seu pensamento e muitas vezes não sai a coisa certa. Agora, se é em português, eu digo aquilo que tenho que dizer, ainda aumento um pouco mais e pronto.
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