terça-feira, junho 14, 2011

Alertas

O jornal "A Bola" de ontem publicou um bom artigo de Miguel Cardoso Pereira sobre a situação actual do jogador português e a sua relação com a formação. É evidente que em tão curto espaço, duas páginas, alguns dos aspectos da análise efectuada teriam que ser sempre deficitários. Por exemplo, quando o autor refere o decréscimo de presenças em fases finais usando a comparação entre as qualificações dos anos noventa e a primeira década deste século não diz que a metodologia de acesso é bem diferenciada. Nessa altura eram 16 equipas as apuradas para a fase final dos sub/17 e hoje são apenas 8, sem falar no actual número de selecções hoje existentes que é superior. Mas passar para metade das equipas reduz substancialmente a possibilidade de apuramento e esse é um dado importante a reter. As fórmulas de apuramento com a realização de mini-torneios, na casa de um dos participantes, não é também o método mais democrático e lógico de organização e Portugal, nalguns casos, tem sido vítima dessa lógica. Seria bom comparar como se têm comportado outras selecções importantes para verificar se houve ou não também um decréscimo das suas participações. Parece-me que sim. De qualquer forma existem problemas que convém discutir e abordar para que os nossos jovens possam competir com o mesmo grau de oportunidades que os estrangeiros. Merecem uma cuidada análise e reflexão os actuais quadros competitivos, o retorno das equipas  "B", a obrigatoriedade da existência de centros de formação nos clubes profissionais, a alteração da legislação no sentido de protecção do jogador português, um assunto tabu que verdadeiramente não se compreende, a construção do centro de formação da FPF que numa primeira análise parece ser um assunto menor mas que não o é, entre outros, talvez menos prementes. Não pode é a responsabilidade ser total e endossada sempre para o mesmo lado, a FPF. Não serão os clubes, a maioria a viver acima das suas possibilidades, como o país, a terem de modificar as suas estratégias de formação? Para quê formação, que custa uma fortuna anual imensa, se depois os jovens não são canalizados para as suas principais equipas? Algo estará mal, nos princípios, conceitos e estratégias. Veja-se o caso actual do defesa-direito da selecção sub/20, que esteve em Toulon e que irá provavelmente ao mundial. Esteve vários anos na formação do seu clube e no seu segundo ano como sénior terá competição interna com o defesa-direito da Colômbia que também estará no mundial, sem falar nos que já lá estão com maior experiência. Vai sobrar para quem? Veremos.
Finalmente o último assunto. Será que a formação é um fim ou um meio. No passado, percebe-se porquê, foi um fim. Hoje terá de ser um meio. O topo é o fim. É para isso que todos teremos de trabalhar e unir esforços. Apesar de tudo quanto à qualidade não vejo grandes problemas de futuro e não sou por isso tão pessimista. Nem sempre nascem Figos e Ronaldos, mas o que é importante é a qualidade média e ela existe. Mesmo pouco jogando internamente não conseguiram os nossos futuros sub/21 vencer a poderosa Alemanha? Aguardemos, não sentados, obviamente, para observar o que vai acontecer a curto-prazo com a alteração dos estatutos da FPF, e consequente modificação dos poderes da Direcção que pode levar à discussão e aprovação de medidas sobre alguns destes assuntos.

Podia falar de tantos outros aspectos, mas o que é de facto importante é levantar as questões e esperar eco noutros lados. Como o jornalista fez, e bem.

1 comentário:

  1. Caro amigo,em relação ao lateral direito da selecção portuguesa de sub-20,parece que andamos com pensamentos idênticos.Tinha acabado de escrever sobre isso no meu humilde chaminé!eh!eh!
    abraço.

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