quarta-feira, março 09, 2011

Histórias da Bola - 12

Foto: Francisco Paraíso

A propósito do jogo do FC Porto com o CSKA lembrei-me de contar uma história ou histórias da deslocação da Selecção Nacional a Moscovo, para defrontar a Rússia para a qualificação do Mundial 2006. Tinhamos chegado a Moscovo depois de algumas peripécias não publicáveis sobre a viagem e ficámos instalados junto à Praça Vermelha, talvez a mais bela praça do mundo. O clima entre os russos era de vingança dado que aquela derrota em Alvalade ainda não tinha sido esquecida. No dia do treino oficial o carro com os equipamentos tinha saído, como habitualmente, duas horas antes da equipa. Ao fim de algum tempo recebo uma chamada do António Gonçalves, técnico de equipamentos, dizendo-me que estavam no meio do nada, perdidos, e o motorista russo, que só falava russo, não mostrava qualquer interesse em dirigir-se para o estádio e por gestos demonstrava desconhecer o caminho. Fiquei naturalmente preocupado e percebi que era uma jogada dos russos no sentido de nos enervar. Depois de vários contactos, inclusivé com o delegado da FIFA que era meu velho conhecido lá conseguimos colocar o carro a andar e a descobrir...o caminho para o estádio, tendo acabado por chegar ao mesmo tempo que a equipa! No dia seguinte, na reunião preparatória para o jogo, o delegado foi bastante crítico e duro com os russos e ameaçou-os de que caso tentassem nova manobra do género seriam severamente castigados pela FIFA. Pelo sim e pelo não os equipamentos e os diversos elementos que habitualmente se deslocam antes para o estádio, com escolta policial, sairam quatro horas antes dos jogadores, cinco horas e meia antes do jogo. Chegaram meia-hora depois ao estádio e o bom do Gonçalves e os outros dois técnicos de equipamentos e ainda um fisioterapeuta, um segurança e o assessor de imprensa, ficaram a secar no estádio até à nossa chegada. Durante o jogo, nos balneários, no túnel, houve depois outras cenas bem dispensáveis num jogo de futebol, mas enfim, aquela mentalidade fechada e fria dos russos não dava para mais.


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