quarta-feira, março 16, 2011

Civismo


As imagens que nos chegam vindas do Japão são cada vez mais aterradoras. Estive nesse país em várias ocasiões e sei bem do modo de viver e sentir desse povo. Perante esta tremenda tragédia as pessoas mantêm a sua compostura, dignidade, e aversão à transmissão do pânico. Ontem ouvi uma senhora dizer com um ar natural que estava em pânico, face ao mais que provável desaparecimento dos seus familiares mais próximos, mas nem as palavras, nem a atitude, demonstravam esse estado de espírito. A forma como os japoneses têm reagido a tudo o que os rodeia, terramoto, tsunami e nuclear, provam que pouca gente no mundo conseguiria atingir este ponto de alta maturidade e civismo. Mesmo no fundo, e não sabendo o que vai acontecer a breve prazo, já estão a pensar no futuro. Em Portugal, numa situação perfeitamente normal, perante uma simples greve dos camionistas, algumas centenas de pessoas dirigiram-se  para os postos de gasolina para atestarem os seus carros, esvaziando os tanques em mais de cinquenta pontos de abastecimento em Lisboa. Não gosto, por princípio, de dizer mal dos portugueses, mas de facto, nem aos calcanhares dos japoneses, alguns de nós chegam. Imagine-se o que seria perante uma tragédia, mesmo pequena que fosse. Ter esperança nas futuras gerações é o que nos resta, porque das actuais estamos conversados. Que tristeza.


"Até ao momento, cerca de meia centena de postos de abastecimento pertencentes à rede das companhias associadas da APETRO, com especial incidência na zona da Grande Lisboa, apresentam rotura de stock de gasóleo", indicou a APETRO em comunicado, referindo que tal se deve "a problemas de abastecimento de bens essenciais, entre os quais se incluem naturalmente os combustíveis, provocados pela paralisação dos transportadores de mercadorias".

In: DN

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