quinta-feira, dezembro 23, 2010

Formação

O Director da Academia do Sporting, Pedro Mil-Homens, publicou ontem no jornal "A Bola", o primeiro de dois artigos sobre os quadros competitivos do futebol jovem. A discussão pública deste assunto é sempre de elogiar, bem como a abordagem de novos pensamentos que devem nortear futuros quadros competitivos. Aprecio muito os dirigentes que não hesitam em lutar por aquilo em que acreditam e eu sou dos que acham que o futuro não está nas mãos dos outros, mas nas nossas. Não gosto de ver como a maioria dos portugueses choram quando se trata de analisar o que está mal atirando sempre as culpas para cima dos outros. Não é este o caso, mas é esta a nossa realidade. Ainda há pouco tempo, internamente, quando propus a alteração de duas realidades competitivas, foi-me imediatamente mostrado um conjunto de dificuldades que logo faria desistir o menos avisado. Também ainda há pouco tempo se conseguiu por meios, talvez pouco académicos, fazer ressurgir a Selecção Feminina de Futsal, e o resultado foi só o título oficioso de vice-campeãs do mundo. Não desistimos, procurámos caminhos alternativos, vencemos. Por isso acredito que em conjunto podemos alterar a nossa realidade se formos consequentes, correctos e competentes. Assim e para não me alongar muito gostaria de fazer duas perguntas ao meu amigo Pedro Mil-Homens. A primeira é saber de quem foi a responsabilidade de se ter terminado a experiência das equipas "B", com excepção do Marítimo? Dos clubes, das Associações que não quiseram alterar o  espaço competitivo destas equipas ou daqueles que acreditavam no projecto e que não souberam, quiseram ou simplesmente desistiram de lutar por aquilo em que acreditavam? A segunda pergunta é para saber se vamos alterar os quadros competitivos do futebol português para depois nos principais clubes que os disputam, os jogadores estrangeiros, que não podem aceder às selecções nacionais, serem a sua maioria? É que se é para isso, meu caro Professor, mais vale não mexer. Investir, perder tempo em longas discussões e lutas difíceis e depois ver os lugares das equipas ocupados por jovens brasileiros, africanos ou de outras partes do mundo, que mais tarde se arrastarão pelos campeonatos secundários do futebol português, não me parece ser o caminho. Mudar, é para mudar não só os quadros competitivos, mas também as mentalidades, terminar com a importação de jovens sem qualidade e desenquadrados da nossa vida social. Criar centros de formação modernos que preparem os nossos jovens não só para o futebol mas também para a vida. Mudar, sim, mas para proteger os clubes e os jogadores portugueses.

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