Faleceu José Torres com quem pouco privei. Na altura da sua passagem pela Selecção Nacional, entre 84/86, tinha começado a minha vida na FPF pelas camadas jovens e por isso os contactos eram esporádicos e distantes, até porque as estruturas eram separadas. No entanto, já perto da partida para o México, calhou que uma das selecções juniores a que estava ligado, treinou num campos do Estádio Nacional, em simultâneo com a selecção principal, utilizando no entanto o mesmo complexo de balneários junto ao campo nº1. Dirigia-me para os balneários levando comigo uma pequena câmara de vídeo para gravar os treinos, quando no caminho encontro José Torres, que nesse período já me conhecia minimamente, e me disse: "Oh! Godinho, desculpa lá, mas os juniores têm esse material e eu nos seniores não tenho nada disso?". José Torres não me criticava obviamente a mim, nem a ninguém em especial, mas estava a chamar unicamente a atenção e a constatar o facto de nesse momento, nos juniores, estarmos já num patamar superior de organização, numa área que começava a dar os primeiros passos e que em Portugal era ainda completamente ignorada, inclusivamente por ele próprio. Depois disso pouco mais o vi, dado que se seguiu o problema de Saltillo, e só o fui encontrando, esporádicamente, em momentos exteriores ao próprio futebol. Pareceu-me sempre uma pessoa correcta, simples e humilde.
Numa tarde de Maio de 1991, 18 jovens, cada um com uma placa na mão, com uma letra impressa, apresentaram-se no relvado do Estádio Nacional, no intervalo da Final da Taça de Portugal. Juntas as 18 letras, formou-se esta frase. Luís Figo, Rui Costa, João V.Pinto, Jorge Costa, Rui Bento, Brassard, Peixe, entre outros, eram os jogadores que formavam esse grupo. Semanas depois, em Lisboa, mas no Estádio da Luz, perante 127.000 espectadores, tornaram-se Campeões do Mundo Sub/20.
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