domingo, setembro 12, 2010

Manipulação

A propósito desta situação que envolveu Carlos Queiroz, assistiu-se a uma luta feroz na comunicação social entre os seus apoiantes e aqueles que o criticavam. Uma parte considerável de uns e de outros, baseavam-se em conceitos, palavras, ideias, nalguns casos verdadeiramente idiotas e increditáveis e que mais não pretendiam do que lançar a confusão. Dou um exemplo, de um tal senador, de azul vestido, tão sectário como os outros das cores concorrentes, que disse este primor acerca das qualidades de Carlos Queiroz como formador: "Agora a formação vai ficar definitivamente adiada. Aliás, desde que Queiroz saiu da Federação, em 1993, nunca mais houve formação". Estas palavras são as mais ridículas que já ouvi sobre este assunto. Não pondo em causa as qualidades de Carlos Queiroz como responsável pelos êxitos dos jovens entre 86 e 93, mal me ficaria se o fizesse, tendo aliás exaltado aqui, neste blog, por diversas vezes, esse magnífico período, gostaria de esclarecer que a partir de 1994 e até 2003, data da última vitória nos sub/17, Portugal atingiu mais de quarenta lugares de honra em todas as competições internacionais em que participou. O senhor senador nesse período deveria estar a dormir. E se a partir dessa data não se conseguiram mais êxitos no futebol jovem, devem-se essencialmente a problemas alheios à FPF, e sim ao desinvestimento no jogador português por parte dos nossos principais clubes, os verdadeiros formadores, que começaram a optar pela via mais fácil, ou seja, contratar jovens estrangeiros que nada trouxeram nem aos próprios clubes, nem ao futebol português. Além disso, a alteração competitiva nos sub/17, reduzindo os campeonatos da europa de 16 ara 8 equipas, tornou muito mais difícil as qualificações. Se formos analisar ainda os quadros competitivos do nosso futebol jovem, vê-se aí sim, a paralisia em que nos deixámos cair. A FPF, as Associações e os Clubes, são todos responsáveis pela manutenção de competições anacrónicas e não adaptadas ao desenvolvimento dos nossos jovens jogadores. Finalmente terminando com as equipas B, impossibilitando-as de competirem a um nível mais alto, matámos a hipótese dos nossos jovens ascenderem a um ritmo competitivo que lhes permitisse lutar de igual para igual com os outros jovens europeus de sub/19, como aliás se viu no último campeonato em Julho. Os nossos andam a vapor e os outros a diesel. Estes são alguns dos problemas que enfrentamos, o resto é puramente manipulação. Não há salvadores da pátria, como o próprio Carlos Queiroz me disse há bem pouco tempo e com toda a razão, e essa é aliás uma teoria que os seus críticos agitam com força, mas desconhecendo o que foi feito. Se não houver um projecto integrado de desenvolvimento entre todos os interessados, FPF, Associações, Clubes e LPFP, não sairemos desta situação. Muito mais poderia dizer sobre este assunto, mas fica para uma próxima oportunidade. Não transformemos uma situação que pode ser discutida, e aceite ou não, conforme as perspectivas, por cada um de nós, em assuntos sem qualquer razoabilidade.

1 comentário:

  1. Há muita gente a falar de futebol, sem nada perceber da matéria. Só espero que alguns desses que já se perfilam ai pelos cantos, não venham eles a tomar conta da Federação. Seria o fim do trabalho efectuado nestes ultimos anos.

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