
por Wagner Patti, blogueiro do ESPN.com.br
Numa tarde de Maio de 1991, 18 jovens, cada um com uma placa na mão, com uma letra impressa, apresentaram-se no relvado do Estádio Nacional, no intervalo da Final da Taça de Portugal. Juntas as 18 letras, formou-se esta frase. Luís Figo, Rui Costa, João V.Pinto, Jorge Costa, Rui Bento, Brassard, Peixe, entre outros, eram os jogadores que formavam esse grupo. Semanas depois, em Lisboa, mas no Estádio da Luz, perante 127.000 espectadores, tornaram-se Campeões do Mundo Sub/20.
O Barreirense, no futebol, é um dos clubes a nível nacional com mais presenças no Campeonato da I Divisão, possuindo vários títulos nacionais secundários e tendo até participado nas competições europeias. Ao longo da sua história cedeu imensos jogadores às selecções nacionais e possui uma tradição que em breve não passará de uma memória distante, da qual só os sócios mais velhos recordarão e que não terá correspondência com a actualidade. Será que as pessoas do Barreiro não encontram solução para evitar esta lenta agonia. O clube que foi de Raul Jorge, José Augusto, Adolfo, Bento, Chalana, Neno, Frederico, Carlos Manuel, entre tantos outros internacionais, está em queda livre. Não haverá na cidade quem o consiga evitar? Onde estão os herdeiros de Francisco Nunes Vasconcelos, José Júlio Macedo, António Maria da Costa, António Balseiro Fragata, Ezequiel Patrício, Albino Macedo e de outros barreirenses de grande valor? Daqui, da margem norte do rio, lanço um apelo: Unam-se e organizem-se como o fizeram tantas vezes no passado. A política não deve, nem pode, dividir os barreirenses.
Nas próximas semanas vou revelando pequenos excertos do livro, dada a pertinência e o valor de alguns deles.
"Terminada a tarefa no vestiário, o nosso jogador, sobretudo em caso de vitória, entrega-se a todos os excessos, come e bebe demasiado, vai ao cabaret e deita-se alta madrugada. Domingo à noite, tira a desforra dos dias que precederam o encontro, durante os quais se privou de muita coisa...Ora, é um erro altamente prejudicial.
...Domingo à noite, uma única coisa deve ser aconselhada aos jogadores: que se deitem cedo e descansem."
Repare-se que se estava em 1935 quando isto foi escrito!
Dia de estreia de Deco, contra o Brasil, nas Antas. Que número teria na sua camisola? Rui Costa era o 10 por direito e tradição. Deco desempenhava as mesmas funções na mesma zona do campo, mas só podia haver um 10. Lembrei-me, e bem pelos vistos, de 10+10=20. Assim jogou, assim marcou na estreia, assim ficou para sempre que é possível jogar com esse número. O Deco, o 20.
Cigano do futebol
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2004 - Academia Alcochete
Foto: Francisco Paraíso