Carlos Loures publicou em Vidas Lusófonas a biografia de Fernando Peyroteo, da qual coloco aqui um pequeno extracto. Merece ser lido na totalidade, pois é um documento verdadeiramente notável para uma futura construção da história do futebol português.
"Fernando Peyroteo foi, sem sombra de dúvida, um dos melhores jogadores portugueses de sempre. Em termos de eficácia superou mesmo Eusébio, pois foi o jogador português que mais golos marcou na história do Campeonato Nacional - 330 golos. Entre a mais famosa linha avançada, a dos cinco violinos, sem desprimor para os restantes quatro, todos eles foras de série, Peyroteo era um “stradivarus”. Numa entrevista que concedeu a um jornal desportivo, falando de um outro angolano, um grande amigo seu – Guilherme do Espírito Santo – disse: «O Guilherme sempre foi melhor jogador de futebol do que eu: mais técnica, mais jogo. Menos prático, menos golos, etc.? Sim, também é verdade. mas mais jogador». Não sei se era verdade, mas há um pormenor – Espírito Santo jogava no Benfica, o eterno rival do Sporting Clube de Portugal… Quem hoje seria capaz de uma atitude destas? Se calhar, até a direcção do clube o repreenderia. Quando comparamos esta humildade com as declarações das estrelas actuais, não podemos deixar de pensar que o mundo do futebol foi tocado por Midas – o ouro e o marketing sobrepuseram-se ao espírito desportivo e ao fair play. Conte-se a propósito que sobre o avançado-centro Guilherme Espírito Santo se dizia, por graça, que o verdadeiro sportinguista deveria benzer-se assim: «Em nome do pai, do filho e do Peyroteo, que o Espírito Santo é do Benfica!»Por ser um grande jogador e um homem de grande carácter, pensamos ser perfeitamente justificada a entrada de Fernando Peyroteo na galeria das “Vidas Lusófonas”. Como sucede com outras figuras do futebol nacional – Pepe, Pinga, Feliciano, Travassos, Matateu, Águas, Eusébio - Peyroteo sendo um imorredoiro símbolo do Sporting Clube de Portugal, é também património do imaginário colectivo e um motivo de orgulho para o desporto nacional.
Pertence a todos nós, seja qual for a nossa opção clubística."
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