Não quero obviamente ser mais um a bater no guarda-redes espanhol do Benfica. Já há por aí muita gente a malhar, forte e feio em Roberto, por todos os erros desportivos que vem cometendo. Quero no entanto escrever sobre quem Roberto veio substituir. Falar de Quim e do seu percurso como homem e atleta que até ao momento tem sido exemplar. Ao longo de toda a sua carreira foi alvo, aqui e ali, talvez mais por força da sua forma de jogar, pouco ortodoxa, e da sua maneira de estar fora do campo, muito modesta, tranquila e humilde, de atitudes de alguns treinadores que o foram penalizando de uma forma sistemática, muitas vezes, pareceu-me, sem grande razão, pelo menos aparente. Conheci-o ainda jogava nos sub/16, talvez há cerca de 20 anos. Já nessa altura havia hesitações sobre as suas capacidades que aliás foram acompanhando todo o seu percurso. Lutador, foi sempre trabalhando com honestidade e aos poucos conquistando o seu espaço. Campeão da Europa Sub/18, 3º lugar no Mundial Sub/20, e mais tarde a Selecção Nacional "AA", onde conseguiu chegar a titular. Esteve presente nos Euros 2000 e 2004, falhando o 2008 por uma aborrecida lesão que surgiu na véspera do primeiro jogo, tendo sido também convocado para o Mundial 2006. No Benfica a sua carreira foi pontualmente marcada por decisões contraditórias que em vários momentos o marcaram. Lembro-me do episódio Moretto e ainda da titularidade perdida para um guarda-resdes francês que veio do Alverca... Mesmo assim, nunca desistiu, e nos grandes momentos das vitórias, em 2005 e 2010, lá estava no seu lugar, como titular. Este ano o clube decidiu dispensá-lo, estando no seu legítimo e óbvio direito de o fazer, mas se Quim lá se mantivesse, no próximo domingo, seria provavelmente de novo o dono da baliza. Infelizmente uma lesão grave no SC Braga impossibilita-o de poder fazer uma época como por certo pretenderia. Estou convicto que ainda irá voltar ao mais alto nível. Merece-o.
Numa tarde de Maio de 1991, 18 jovens, cada um com uma placa na mão, com uma letra impressa, apresentaram-se no relvado do Estádio Nacional, no intervalo da Final da Taça de Portugal. Juntas as 18 letras, formou-se esta frase. Luís Figo, Rui Costa, João V.Pinto, Jorge Costa, Rui Bento, Brassard, Peixe, entre outros, eram os jogadores que formavam esse grupo. Semanas depois, em Lisboa, mas no Estádio da Luz, perante 127.000 espectadores, tornaram-se Campeões do Mundo Sub/20.
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