Para terminar estes pequenos textos sobre os "melhores do mundial", a seguir virão os piores, não poderia deixar de referir o povo sul-africano. O povo, povo mesmo, a maioria com pele escura, que se entregou de alma e coração a ajudar a fazer um mundial com as pessoas e para as pessoas. Não aquelas dos grandes privilégios, mas as outras que pouco têm e com as quais privei. Sei e apercebi-me das dificuldades com que vivem, da esperança na mudança, com os olhos virados para o futuro, sabendo que o presente é, ainda, muito triste. Sei das conversas com os empregados de Valley Lodge, sei das reacções quando jogaram e ganharam o bingo connosco, numa atitude muito simpática dos jogadores..., sei das palavras que troquei com os polícias que nos acompanhavam. E foram essas pessoas, quase todas, um dos destaques do mundial. Coração aberto, simplicidade nos actos, amizade nas palavras. Para elas ficou um mundo aberto, um desporto que pouco conheciam, povos de que nunca tinham ouvido falar, alegria, cor, ruído, movimento. Tudo isso junto, fez um mundial popular que espero possa vir a ajudar o povo sul-africano a libertar-se de um passado recente ainda bem presente, e a lutar por um país melhor, onde a cor da pele não seja o principal assunto de discussão. Clara ou escura, tanto faz.
Numa tarde de Maio de 1991, 18 jovens, cada um com uma placa na mão, com uma letra impressa, apresentaram-se no relvado do Estádio Nacional, no intervalo da Final da Taça de Portugal. Juntas as 18 letras, formou-se esta frase. Luís Figo, Rui Costa, João V.Pinto, Jorge Costa, Rui Bento, Brassard, Peixe, entre outros, eram os jogadores que formavam esse grupo. Semanas depois, em Lisboa, mas no Estádio da Luz, perante 127.000 espectadores, tornaram-se Campeões do Mundo Sub/20.
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