Agora que cumpriu todas as etapas acima dos oito quilómetros de altitude, João Garcia crê que «fazer mais e melhor é a única maneira de crescer como pessoa» e recorda: «Só há dez pessoas que podem dizer que conseguiram isto sem o recurso a oxigénio artificial. Agora que passei essa linha continuo o mesmo. Sinto-me estranhamente normal.»
O alpinista português fez muitos sacrifícios ao longo deste projecto, com repercussões físicas visíveis. Ainda assim, acredita que «valeu a pena» o esforço. «Não vou esconder o orgulho, este é um projecto que me avalia perante o grande público, tenho outras coisas em que poderei ser avaliado pelos meus pares, por outros alpinistas.»
A meio da conferência de imprensa, alguns amigos interromperam e decidiram questionar João Garcia. Um quis saber porque descera do cume tão devagar. «No ano passado fiz um esforço grande, ao descer no mesmo dia que tinha chegado ao cume. Arrisquei mais. Mas esta montanha é muito perigosa, tive respeito e desci devagar. Eu escalei sozinho e descer assim foi uma decisão táctica. Conheci um alpinista que, na última montanha de oito mil metros, das 14, faleceu na descida. Desci com calma, para não estragar tudo, como o Zidane, naquele último jogo.»
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