"Vou ser espanhola". Por mim acho que lhe deve fazer bom proveito. Depois de ser internacional por Portugal desde os onze anos, portanto em todas as selecções dos escalões de formação até aos seniores de andebol, a jogadora natural de Cabo Verde, optou por naturalizar-se espanhola e como afirmou "se for chamada (à selecção espanhola) aceitarei". Não está em causa a procura de uma melhor situação profissional e a busca de novos horizontes, e não sou eu que crucificarei quem seguir esse caminho, mas este caso é um pouco diferente. A atleta abdicou de toda uma história e de um passado como atleta portuguesa que deveria ter respeitado. Os regulamentos do andebol, ao contrário dos do futebol, aceitam esta situação, mas uma coisa são os regulamentos, outra os princípios e a nossa dignidade, enquanto cidadãos de um país. A Selecção Feminina de Andebol é fraca no conceito europeu e não se qualifica para os Europeus e Mundiais, mas é nossa, veste as cores do nosso País, e representa-nos com dignidade. Com ou sem Alexandrina.
Numa tarde de Maio de 1991, 18 jovens, cada um com uma placa na mão, com uma letra impressa, apresentaram-se no relvado do Estádio Nacional, no intervalo da Final da Taça de Portugal. Juntas as 18 letras, formou-se esta frase. Luís Figo, Rui Costa, João V.Pinto, Jorge Costa, Rui Bento, Brassard, Peixe, entre outros, eram os jogadores que formavam esse grupo. Semanas depois, em Lisboa, mas no Estádio da Luz, perante 127.000 espectadores, tornaram-se Campeões do Mundo Sub/20.
Dois pesos e duas medidas? É impressão minha ou foi para evitar que a nossa selecção principal de futebol fosse "fraca no conceito europeu e não se qualificasse para Europeus e Mundiais" que se "contrataram" jogadores que por várias vezes afirmaram ter o sonho de representar o Brasil e não estar interessados em jogar na selecção portuguesa? A equipa seria mais fraca, mas seria nossa. E não duvido que nos representaria com dignidade.
ResponderEliminarCaro Bruno Sousa
ResponderEliminarQualquer dos jogadores que foram integrados nunca jogaram pela Selecção do Brasil. Essa foi a única questão que critico. Quanto à procura de melhores soluções para a sua vida é uma opção pessoal que não comento. Agora ter feito um percurso de vários anos de selecção e depois optar por outra, não concordo. Se fosse o Cristiano Ronaldo a fazê-lo, se isso fosse possível no futebol, e felizmente não é, o que se diria. Imagine só o terramoto que seria. E a Alexandrina não estará para o andebol feminino português como o CR está para o futebol português? Com as devidas proporções, claro. Pode não concordar mas é a minha opinião. Abraço-