terça-feira, agosto 16, 2011

Penalties


Ao longo da minha vida junto das selecções nacionais tenho tido a oportunidade de sentir toda a angústia com que os jogadores, técnicos e restante grupo de trabalho, são envolvidos quando as nossas equipas partem para os desempates por pontapés de grande-penalidades, vulgo penalties. A primeira vez foi na Hungria, 1990, Campeonato da Europa, na altura de Sub/18. Portugal/Hungria, no primeiro jogo, a eliminar, Fernando Brassard na baliza, João V.Pinto, Rui Costa, que fazia a sua estreia nestas competições, Figo, Peixe, etc.. Brassard esteve imperial e passámos. Na final, com a União Soviética, perdemos e ficámos em segundo lugar. No ano seguinte, 1991, final do Campeonato do Mundo Sub/20, em Lisboa, na final, Portugal/Brasil, 127.000 pessoas a acreditar e aconteceu. Brassard, mais um vez na baliza, Rui Costa acabou com o nosso sofrimento e fomos Campeões do Mundo. Todos Somos Portugal dizíamos então, tal como hoje chamo a este blog. Mais tarde, 2004, Estádio da Luz, Portugal/Inglaterra, Ricardo sem luvas, Eusébio a gritar para ele se atirar para a direita, lançou-se para a esquerda e defendeu. Ricardo num momento quase épico, desligou-se da realidade e sozinho assumiu o penaltie que seria de Nuno Valente. Marcou. No meio deste ambiente o Helder Postiga, para sempre imortalizado naquele gesto inacreditável, quase sobrenatural, como todos sentimos, assumiu o remate como se estivesse na playstation. Helder Postiga, inesquecível! No balneário Figo rezava. Não há explicação para esta sucessão de situações inacreditáveis. Em 2006, de novo a Inglaterra, Ricardo, ainda mais confiante, defendeu o que não se pensava ser defendável. Os ingleses choravam de tristeza, os portugueses, nós, o país, gritava e chorava de alegria. Que momentos. No sábado, em casa, assisti aos penalties dos nossos miúdos, ainda verdes neste ambiente. Nuno Reis, grande capitão, partiu decidido para a marcação levando-nos todos atrás dele e tal como Ricardo, anos antes, sabia que a noite seria nossa. Perante as nossas duas falhas, como quase sempre acontece a  alguém, o fim estava à vista. Numa decisão do realizador passa uma imagem dos jovens portugueses no meio do terreno a sentirem que estava, quase, tudo perdido, Cédric espelhava, apesar de tranquilo, esse medo e temor. Mas estava lá  Mika, tal como Ricardo e Brassard, anos antes, para dizer: "Iturbe, podes ir já para o Porto, porque nós, os portugueses, os tugas, ficamos por cá mais uns dias". E os nossos miúdos fizeram história. O país futebolístico voltou a sofrer como em 2004 e 2006. É isto que dizem ser a beleza e o imponderável do futebol, mas só é belo quando se ganha! Desculpem-me, mas apesar destes acontecimentos nos terem sido quase sempre favoráveis tenho de dizer isto: "Que se f... os  penalties, têm-me roubado anos de vida!".

1 comentário:

  1. Ora nem mais senhor Carlos?!
    excelente post,realmente os penalties roubam anos de vida a quem como o senhor está lá por perto!
    Nós,noutra dimensão, no nosso sofá até com as mãos ficamos a suar,imagino aqueles que estão directamente envolvidos....

    ResponderEliminar