quarta-feira, maio 25, 2011

A bendita burrice da Liga inglesa

Foi este o título do editorial de ontem do jornal "O Jogo". José Manuel Ribeiro analisa de uma forma curiosa com dados e factos, as questões orçamentais e de mentalidade de quem dirige os clubes, nem todos, do futebol inglês.
Claro que na comparação com o nosso futebol, no capítulo das despesas e receitas, ficamos a perder a uma distância cósmica, mas nos resultados, conseguimos, por vezes, estar muito acima do que os ingleses conseguem. Em clubes e selecções. Recentemente em Northampton, na final do Challenge Trophy, "Sub/23", em conversa com Dimas, o antigo internacional português, abordámos este mesmo assunto e dizíamos: "Estes tipos são mesmo b..., tal a quantidade de dinheiro que têm e gastam e analisando os resultados, o que se vê é que um pequeno Braga consegue eliminar um poderoso Liverpool e até ganhar ao grande Arsenal". No final, um dirigente da FA dizia-me com o ar mais triste do mundo: "Tenho que reconhecer que a vossa equipa é superior à nossa", mas sem se mostrar muito convencido. O que aconteceu no entanto no jogo foi algo de extraordinário, se tudo corresse normalmente a vitória teria sido por cinco ou seis, e esteve à vista de todos menos dos dirigentes ingleses. Não vimos de facto o mesmo jogo. De um lado jogadores/artistas, alguns técnicamente quase perfeitos, do outro, atletas que corriam que nem desalmados e chutavam para a frente que nem doidos. Como eu e o Dimas nos rimos depois da frase deste dirigente. "O cérebro não se abre mesmo".

"Escreve hoje o Paulo Anunciação, na página 29, o que temos todos obrigação de saber: há muito boa gente, e sobretudo rica, que percebe menos de bola do que os portugueses. Dada a nossa presente e deprimente situação, a surpresa é que percebem menos ainda de dinheiro, embora haja uma simbiose entre essas duas ignorâncias. Em média, na Premier League inglesa os clubes gastam em salários o dobro do que pagam em Portugal FC Porto e Benfica. Clubes que, nove em cada dez jogos, seriam goleados pelo nosso campeão estouram em ordenados e transferências bizarras, todas as épocas, verbas que para nós seriam impossíveis.
Outros mostram, ano após ano, um absoluto desconhecimento da arte. Depois da compra do ponta-de-lança Carrol por 40 milhões de euros, em Janeiro, foi poética a eliminação do Liverpool pelo Braga: um castigo pela burrice e pelo esbanjamento, que não surtirá efeito, felizmente; na próxima vez, continuarão burros e esbanjadores. Um pouco da ciência de FC Porto, Braga ou até Benfica e o dinheiro do Manchester City provavelmente resultariam numa equipa melhor do que Barcelona ou Real Madrid. Assim, há um plantel comprado por catálogo, sem intuição envolvida, dirigido por um treinador que, em tempos, vi Mourinho reduzir a lama numa noite de chuva, nas Antas. E é um elogio. Mancini fez a mesma figura aos pés de outros bem mais fracos, antes e depois. Portanto, obrigado pela força, Premier League. Que nunca se te feche o livro de cheques. Nem se te abra o cérebro."



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