segunda-feira, julho 11, 2011

Portugal e o Diabo

Uns dias fora do país num outro continente, onde a Europa pouco conta, ou melhor, só conta da Europa o que de mais artificial ela produz, casamentos e viagens da monarquia por exemplo, deparei com uma realidade que não contava quando saí. Na semana passada ainda José Sócrates, o Diabo, era agitado na praça pública como a pior pessoa que o nosso país alguma vez produziu. Ontem ao chegar a Lisboa, e lendo o Expresso, fiquei com a impressão que o discurso dos seus maiores críticos está a mudar e nalguns casos mudou mesmo. Descobriram afinal que havia algo mais que o descontrolo das contas públicas, realidade provocada e criada também por muitos outros antes dele, e que esse algo mais é o descontrolo total do capitalismo na sua forma mais desavergonhada, através das agência de rating, e que há bem pouco tempo eram apresentadas, por alguns comentadores e políticos nacionais, como entidades credíveis que estavam a colocar em sentido o então homem do leme. Que falta de vergonha tem esta gente que nunca soube relativizar o problema e se esqueceu de separar a política partidária dos graves problemas que o país atravessava. Para mal de todos nós, associado aos erros de Sócrates, há bastante algo mais, e não é só este pequeno país que está em causa, é toda a Europa que vai ser empurrada para o abismo até que surjam dirigentes com mais credibilidade e com uma outra perspectiva europeia de futuro do que aquela que possuem a senhora vinda dos confins da ex-RDA ou aquele senhor pequenino, brincalhão, ali para os lados da Gália. Que saudades dos grandes dirigentes franceses e alemães do passado, socialistas e democrata-cristãos que criaram ou pretenderam criar uma Europa unida. Com gente como Willy Brandt, Adenauer, Mitterrand, Soares e tantos outros, esta crise não existiria. E não é de ideologia partidária que se trata, é de política e de princípios.

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