segunda-feira, abril 11, 2011

Da Transnístria soviética

Nesta recente saída profissional para preparar alguns dos jogos das selecções nacionais tive que me deslocar à Moldávia, país recente, independente desde 1991, após a queda do muro de Berlim e que se separou da Roménia. A Moldávia é um país bastante pobre e ainda praticamente não se vêm sinais de mudanças grandes na vida diária da maioria dos seus habitantes. Com pequenas excepções, um novo aeroporto, um outro edifício remodelado ou também novo, pouco se vê. Entrar em Chisinau, a sua capital, apesar da vontade dos seus habitantes que apostam na melhoria e nas mudanças das suas vidas, é como voltar ao que de pior se via nos ex-países socialistas. Entre a Roménia que visitei no final dos anos 70 e a Moldávia actual, a diferença está em alguns carros novos, electricidade nas ruas, comida nas lojas e bastantes restaurantes. Tudo o resto está quase igual. Quase se poderia dizer que Ceaucescu não morreu por ali. Apesar de tudo, sinais estão aqui e ali a dizer-nos que vão no caminho certo, lento, mas objectivo, e entre os que querem e estão a mudar encontra-se a Federação de Futebol Moldávia, que construiu um modelar centro de estágio para as suas selecções como abordei na entrada de ontem. A maior surpresa para mim foi no entanto descobrir, ver com os meus olhos e visitar, um território na zona leste do país, que acompanha o rio Deniepr, chamada Transnístria, entre a Moldávia e a Ucrânia, uma região que se considera a ela própria independente, ocupada por tropas russas e cossacas, com fronteira, bandeira e símbolos, mas que com isso tudo e ainda impressos para se preencher à chegada, faz parte do território moldavo, foi visitada e abençoada por Blatter e Platini, e prepara-se para na sua capital, Tiraspol, receber Portugal em jogo de qualificação para o Euro 2013 de Sub/21, com a bandeira da Moldávia hasteada! Aliás o seu principal clube, que merecerá só por si um entrada neste blog, chamado FC Sheriff, é o campeão da Moldávia e representa o país nas competições europeias. A Transnístria, segundo diversas pesquisas na internet, é uma república fantasma, e o último bastião soviético na Europa. Entrar nesse território é como se estivesse na União Soviética do passado, com os mesmos símbolos, os soldados com as mesmas fardas e polícias à paisana em tudo fazendo lembrar a KGB. Não estou a inventar, e a foto que tirei na fronteira, à socapa, pois é proibido fazê-lo abertamente com risco de apreensão de máquina e prisão, mostra um pouco do que digo. O conflito, em 1991, entre os moldavos e os russos e cossacos teve mais de duzentos e cinquenta mortos e é considerado pelo Conselho da Europa um "conflito congelado". Só espero que não descongele quando e se lá formos jogar.

Fronteira da Transnístria na passada quarta-feira



 A Transnístria (também Transdnístria[1], Transdniestre ou Transdniéstria[2], etim. "além do rio Dniestre"), é uma região no Leste Europeu que pertence oficialmente à Moldávia, embora tenha unilateralmente declarado sua independência em 1990 com a ajuda de contingentes russos, ucranianos e cossacos.
A região mantém-se, de facto, independente com o auxílio de forças russas. O Conselho da Europa considera a questão da Transnístria um conflito congelado.
O país é chamado pelos nativos de República Moldávia da Pridnestróvia (Pridnestrovskaia Moldavskaia Respublica) que não aceitam o termo Transnístria, por considerá-lo romeno.
A capital da região é Tiraspol.

Em 1990, em meio à onda de independências das ex-repúblicas soviéticas, a Transnístria proclamou sua independência, que não foi reconhecida pela Moldávia. Uma intervenção soviética na região, ainda em 1990, evitou a guerra civil naquele ano. Após a indenpendência da Moldávia em relação à URSS, em agosto de 1991, eclodiu a guerra civil. Em 1992, um cessar-fogo foi assinado entre o governo moldávio, os separatistas e a Federação Russa em troca de uma maior autonomia à província [1].
Em 2004, ainda sob ocupação do exército russo, o governo da Transnístria promoveu o fechamento das escolas que usavam o alfabeto latino e apoiou o uso do alfabeto cirílico, o mesmo empregado na escrita russa [1].
Em 2006, foi realizado um referendo na Transnístria sem o apoio do governo moldávio e o resultado indicou a preferência da população pela independência e posterior união com a Federação Russa [1].

In: WIKIPÉDIA

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