Foto: Francisco Paraíso
"No final do jogo (Portugal/Inglaterra, Mundial 2006), o balneário estava morto. Parecia uma daquelas cidades abandonadas num filme 'western' com as ruas desertas atravessadas somente pelo vento. Não se via nada. Até que 'JT' (John Terry) e Rooney entraram. Estavam muito chateados por causa da expulsão de 'Wazza' (Waine Rooney). 'JT' estava furioso. Eles queriam ir ao balneário de Portugal e pedir explicações a Ronaldo. Eu fiquei calado. Não queria dizer uma única palavra. Estava apenas sentado a um canto e a pensar 'Que diabo!' Só queria tomar o meu duche e fugir dali para fora. Não estava habituado a ver as pessoas tão zangadas. Alguns jogadores tinham lágrimas nos olhos. Alguns deles, suponho, sabiam que aquela tinha sido provavelmente a última oportunidade da carreira deles para conquistar um Mundial. Não sabia o que dizer. Não tinha a mais vaga ideia. As pessoas foram abandonando
o balneário de forma gradual. O caminho até ao autocarro pareceu mais longo que nunca"
Do livro "Theo:Growing up fast" de Theo Walcott, texto retirado do jornal "O Jogo" de ontem, da página Little Portugal, de Paulo Anunciação.
No outro balneário, o de Portugal, respirava-se felicidade. Depois do sofrimento com os penalties vivíamos uma alegria indiscritível dentro daquelas paredes, mas fora de portas respeitoso para com os ingleses. Os autocarros, curiosamente, estavam ao lado um do outro e os ingleses viam claramente os portugueses que evitaram qualquer tipo de provocação, palavra ou gesto que pudesse ser mal entendido. Foi uma viagem de regresso ao Centro de Treinos em Marienfeld verdadeiramente fantástica. Momentos únicos para quem os viveu e que jamais se apagarão da nossa memória.
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