Cada vez mais, os treinadores de futebol ganham mais espaço e importância no jogo de futebol. A herança que gente como Rinus Michels e Brian Clough deixou para o esporte atravessou as décadas, e continua inspirando os novos profissionais a alcançarem novos patamares em termos de filosofia de trabalho e conhecimento tático. Também é verdade que, paralelamente à ‘espetacularização’ do futebol, alguns treinadores têm se consagrando mais pela imagem que criam de si mesmos do que aquilo que conquistam à beira do campo.Tanto é que um dos homens mais polêmicos do futebol dos dias de hoje não calça chuteiras. José Mourinho já provou sua capacidade como estrategista, pelos trabalhos que fez no Porto, Chelsea e Internazionale. Hoje no Real Madrid, o português mantém o traço folclórico que lhe é característico, talvez ainda mais acentuado, mas não justifica essa atitude em títulos. A cada derrota para o Barcelona, Mourinho fazer troça dos rivais a analisar criticamente o porquê da equipe sair com um resultado desfavorável. Isso quando não resolve comprar as brigas entre jogadores, como ocorreu na última Supercopa Espanhola.Ao mesmo tempo, o extremo oposto ao português também é válido. Tite, com seu discurso politicamente correto e português impecável, acaba se destacando mais por um jeito caricato do que por aquilo que tem feito no Corinthians, que vê seu rendimento cair rodada após rodada. Se, após um início empolgante em Caxias e Grêmio, se imaginou que ele fosse se tornar um dos grandes do futebol brasileiro, hoje a realidade não corresponde em nada àquele pensamento. Ao mesmo tempo, pertence à escola do discurso vazio de conteúdo, que tem em Paulo Autuori sua máxima expressão.
Essa imagem que os técnicos criam para si mesmos também, embora seja difícil avaliar a intensidade, dificulta uma renovação de ideias. Felipão e Luxemburgo, multicampeões no passado recente, enfrentam uma seca de conquistas que parece longe de terminar. Ao mesmo tempo, Arséne Wenger, o ‘homem do futuro’, enfrenta sua maior crise em 15 anos de Arsenal, sendo forçado a repensar toda sua política de transferências.Em meio a tudo isso, surge uma novidade dentro do mercado, praticamente uma homenagem às antigas gerações de comandantes da casamata. Em sua curta carreira de treinador, Josep Guardiola não apenas levantou taças, mas continua contribuindo com inovações táticas, prospecção e formação de jovens atletas. Poderia se esperar que o chefe do Barça fosse mais um excêntrico do reservado, porém o que ocorre é justamente o contrário. Pep preza pela competência em detrimento de um carisma exagerado, e talvez esteja aí o seu grande trunfo.Uma análise dessas seria, provavelmente, motivo de deboche para um Mourinho. Talvez seja por isso que ele não saiba por que não consegue vencer o Campeonato Espanhol e a Champions League.
Um artigo de Matheus Harb no www.goal.com, arrasador e exagerado para alguns treinadores, particularmente para Mourinho. O jornalista diz que a estratégia de Mourinho
não justifica a sua atitude em títulos. Não sou advogado do técnico português mas um texto desta natureza é mesmo forçado e pouco sério. Não justifica em títulos? Pode contestar-se as suas opções técnicas e estratégicas com algum "folclore" à mistura, mas de facto quanto a títulos é ridículo dizer-se que não existem. Mesmo em relação a outros técnicos a sua análise é muito pouco séria e profissional. Se todos os grandes técnicos ganhassem sempre os outros desistiriam. Para se fazer a apologia de Guardiola não se necessita de arrasar todos os outros.