sexta-feira, outubro 28, 2011

Futebol Feminino

Foto: Francisco Paraíso

A recente derrota de Portugal com a Dinamarca por 3/0, em jogo a contar para a qualificação do Europeu Feminino de 2013, caiu quase como um balde água fria em certos sectores da modalidade. Talvez os anteriores e recentes resultados tenham criado alguma expectativa, na minha opinião, talvez demasiado ousada, sobre as possibilidades da selecção nacional, face a um adversário tão forte e com uma história brilhante no futebol feminino europeu e mundial. Baseio-me claro na história de resultados entre as duas selecções. Portugal e Dinamarca, até ao jogo de quarta-feira, tinham-se encontrado por 13 vezes, seis das quais para competições oficiais. Nesses treze jogos ocorreram treze vitórias da Dinamarca, com um único golo marcado por parte de Portugal e quarenta e oito sofridos. Obviamente um dia, este desnível será menos acentuado quando acontecerem outro tipo de resultados favoráveis à nossa selecção, mas  de facto a história conta e os números não mentem. A Dinamarca pelo tipo de futebol que apresenta será sempre um adversário extremamente difícil dado que a componente física é muito penalizante para as nossas jogadoras. Com isto quero dizer que não há evolução no nosso futebol feminino? Notoriamente tem havido evolução e um aproximar, embora lento pelas razões que todos conhecemos, das equipas do topo do ranking, mas pensar entrar desde já no grupo das mais fortes parece-me um pouco prematuro. O desnível na Europa, no futebol feminino, ao contrário do futebol masculino, é de facto muito acentuado e os resultados entre os mais e os menos fortes é, infelizmente, quase sempre previsível.  A nossa participação neste Euro deverá ter como objectivo fundamental a procura e luta pelo segundo lugar do grupo e é por aí que nos devemos orientar e prosseguir o nosso caminho até para não criarmos falsas expectativas que podem naturalmente vir a revelar-se nefastas para o resto decisivo da competição. Ganhar os três próximos jogos, contra as equipas do “nosso” campeonato, poderão permitir um resultado fantástico na competição e motivador para o futuro da modalidade. Quanto ao resto é a mesma discussão de sempre, necessidade de novos quadros competitivos internos, mais e melhores acções de sensibilização e divulgação do futebol feminino, participação anual no Euro de Sub/17, maior apoio aos clubes, às jogadoras e aos treinadores e sobretudo uma melhor reflexão sobre o papel da mulher no desporto, particularmente no futebol. Não há que desesperar com esta derrota.

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