sexta-feira, maio 01, 2009

1º Maio

Foto: Eduardo Gageiro

Faz hoje 35 anos que se comemorou, em liberdade, o primeiro 1º de Maio. Por todo o País, dezenas e dezenas de manifestações juntaram milhões de portugueses. Estive em Lisboa, e lembro-me de ter subido a Almirante Reis, ter passado pela Gago Coutinho e termos terminado no Estádio do Inatel. Centenas de milhares de pessoas dentro e fora da manifestação. Clima de alegria e de unidade. Não se comemorou o 1º de Maio, a maioria nem sequer sabia o que isso era, mas sim a vitória do 25 de Abril. Vibrou-se por um país melhor, com liberdade, sem censura, mais trabalho, melhor saúde, sem presos políticos, sem guerra em África. Foi por isso, e alguns também pela novidade, que a maioria saiu à rua. Logo nesse dia, nas preparações do momento dos discursos, senti que as diversas posições políticas iriam cavar em breve enormes divisões. Nesse dia, como hoje, Portugal, julgam os políticos, é um conjunto de países oriundos de cada área política. E esse é o grande e enormíssimo problema. Não se consegue falar sem ser catalogado. Não se aceitam as ideias dos outros, mesmo que sejam correctas, só porque são dos outros. Não gostamos daquele porque é vermelho, azul ou verde. Mesmo que seja bom, correcto, capaz e sério. É este o Portugal de 2009.

Valeu a pena, mesmo assim, chegarmos onde chegámos? Claro que sim.

Melhores condições para a grande maioria do povo, sem censura, liberdades totais - nalguns casos a mais - melhor saúde, etc., etc..

Dizem os mais cépticos, e então a crise, o desemprego?

Claro que há problemas, e muitos. Mas não se morre em África por alguns, não há presos de consciência, o País abriu-se ao mundo e está muito mais desenvolvido. Os idosos, finalmente olharam por eles, têm hoje uma situação muito remediada como nunca esperaram ter. Por isso, julgo ter valido a pena. Se mais não fosse, pelo facto de ser possível estar a escrever isto, hoje e aqui, já teria valido a pena.

Nota: Ironia do destino, há dois dias atrás encontrei o João Paulo Dinis, antigo assessor de imprensa da FPF, e o homem que na madrugada do 25 Abril, no Rádio Clube Português, colocou no ar a senha para o início da revolução, encontra-se transitoriamente sem emprego!

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